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Economia

BNA reduz coeficiente de reservas obrigatórias para "libertar" liquidez na banca

CENTRO DE ESTUDOS DO BFA FALA EM 99,8 MIL MILHÕES KZ

Esta é a terceira vez neste ano que o CPM decide reduzir coeficiente de reservas obrigatórias, tendo já cortado três pontos percentuais desde Janeiro. Medida visa estimular o financiamento ao sector real e promover a descida das taxas de juro no mercado interbancário. BFA diz que medida vai libertar aproximadamente 99,8 mil milhões Kz em liquidez.

Pela sétima vez consecutiva o Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola (BNA) decidiu não mexer taxa directora de juros (Taxa BNA) ao manter-se nos 19,5% desde Março de 2024. Por outro lado, o banco central cortou 1,0 ponto percentual no coeficiente de reservas obrigatórias em moeda nacional, de 19% para 18%, o que significa que houve um ligeiro alívio na política monetária, com mais dinheiro a circular na economia.

Esta é a terceira vez neste ano que o CPM decide reduzir este coeficiente, depois de ter cortado, igualmente, 1,0 pp, em Janeiro e em Maio. Contas feitas, o banco central já cortou 3,0 pontos desde o início do ano. Com a redução da taxa para 18% significa que, no limite, os bancos podem transformar mais dos seus depósitos em crédito ou em aplicações em investimentos como dívida pública, já que os bancos estão obrigados a guardar menos dinheiro no banco central.

Em termos práticos, as reservas obrigatórias correspondem à parcela dos depósitos de clientes que os bancos comerciais são obrigados a depositar no BNA (em moeda nacional e estrangeira). Quanto menor o coeficiente de reservas obrigatórias, mais dinheiro os bancos têm para emprestar aos agentes económicos. Os riscos inerentes a esta medida é aumento da inflação, que este ano foi estimada pelo banco central em 17,5%.

Para o gabinete de estudos do Banco Fomento Angola (BFA) a decisão de cortar novamente o coeficiente de reservas obrigatórias, vai libertar aproximadamente 99,8 mil milhões Kz em liquidez e visa "estimular o financiamento ao sector real e promover a descida das taxas de juro no mercado interbancário". No entanto, esse sinal expansionista contrasta com o reforço da absorção de liquidez de curto prazo. Para termos noção, só em Maio, o BNA absorveu 3,4 biliões Kz através de operações de mercado aberto com recompra (repos) e 3,3 biliões Kz, via facilidades de absorção overnight e a 7 dias.

"Este comportamento aparentemente contraditório revela uma postura calibrada do BNA: injecta liquidez ao nível mais estrutural para apoiar a concessão de crédito, mas retira o excesso de liquidez de curto prazo para conter pressões inflacionistas e evitar alguma pressão de curto prazo na taxa de câmbio. A combinação entre medidas estruturais e tácticas sugere um esforço de equilíbrio entre o impulso ao crescimento e a contenção de riscos macroeconómicos imediatos", explica o gabinete dos estudos do BFA.

O economista Heitor Carvalho também entende que o BNA está a alargar a liquidez bancária, permitindo maior disponibilidade para conceder crédito. Porém, como os critérios macro-prudenciais do BNA exigem uma dada relação entre capital e activos bancários e, em muitos bancos do sistema, essa relação já está no limite, já que maior liquidez pode não significar maior capacidade financeira para emprestar.

"Isso exigiria aumentos significativos de capitais para os bancos comerciais que não parece haver disponibilidade para realizar. Além disso, o risco de emprestar também aumentou com o crescimento e nível atingido pelo malparado. Nestas condições o desapertar da política monetária poderá ter um efeito muito limitado", argumentou.

Ainda assim, o CPM decidiu manter a taxa a directora (Taxa BNA) em 19,5% bem como a de juros da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez em 20,5% (taxa que o banco central cobra aos bancos para lhes emprestar dinheiro) e a taxa de juro da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez (a taxa de juro que os bancos recebem quando depositam fundos no banco central) em 17,5%, o que para os analistas do BFA reflecte uma "prudência da autoridade monetária perante as incertezas persistentes no ambiente externo, bem como os riscos internos associados ao recente ajuste dos preços administrados", nomeadamente, o preço da "electricidade e água" e "gasóleo".

Entretanto, em relação ao primeiro, os efeitos de primeira ordem reflectiram-se no índice geral de preços em Junho, que se registou aumento das facturas da luz em cerca de 50% para a maioria das famílias, enquanto ainda se pode contar com efeitos de segunda ordem. Quando o aumento do preço do gasóleo que disparou 33% para 400 Kz por litro, espera-se efeitos em Julho e nos meses subsequentes.

Leia o artigo integral na edição 836 do Expansão, de Sexta-feira, dia 25 de Julho de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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