Divisas vendidas pelo Tesouro à banca caem 11% para 822,4 milhões USD
Queda das receitas fiscais petrolíferas reduziu oferta de divisas do Tesouro Nacional que vendeu menos 102,1 milhões USD aos bancos comerciais. BAI foi o que mais comprou divisas, ao adquirir 41% do total vendido pelo Tesouro. BFA e Standard Bank vêm logo atrás com 20% e 15% das divisas adquiridas pela banca.
A venda de divisas à banca pelo Tesouro Nacional, no I semestre deste ano, caiu 11% face ao mesmo período de 2024, ao passar de 924,5 milhões USD para 822,4 milhões, de acordo com cálculos do Expansão com base nos dados do Ministério das Finanças (MINFIN). Contas feitas, os bancos compraram menos 102,1 milhões USD no primeiro semestre.
Esta queda deve-se, principalmente, à redução das receitas fiscais que caíram 14% para 4.665,0 milhões USD nos primeiros seis meses do ano, quando comparado com o período homólogo, o que reduziu a disponibilidade de divisas do Tesouro (ler página 26).
Os números do MinFin apontam que o Tesouro vendeu divisas exclusivamente aos bancos, ao contrário do que ocorreu, por exemplo, no II semestre de 2024, quando o Banco Nacional de Angola (BNA) comprou 678,0 milhões USD ao Tesouro. Assim, entre Janeiro e Junho, 13 bancos tiveram acesso às divisas vendidas pelo Tesouro, com destaque para as instituições bancárias com maior quota de mercado.
O BAI foi o que comprou mais divisas ao Tesouro, tendo adquirido 338,0 milhões USD, o equivalente a 41% do total registado nos primeiros seis meses do ano. Segue-se o BFA, que comprou 167,0 milhões USD, que corresponde a 20% do total. O Standard Bank de Angola (SBA) fecha o pódio, com 15% do valor global, ao adquirir 122,9 milhões USD.
Importa realçar que o BIC, que apresenta hoje a segunda a maior carteira de crédito da banca, não consta da lista dos bancos que tiveram acesso às divisas vendidas pelo Tesouro, o que remete para a questão levantada por um dos accionistas do banco, Fernando Teles, que recentemente afirmou, durante uma entrevista ao Expansão, que o BIC está a ser "ostracizado", ou seja, afastado ou excluído do acesso à moeda estrangeira.
"A verdade é que estão a ostracizar o Banco BIC. De Janeiro a Março, não nos venderam divisas três meses seguidos. Não é possível um banco que é líder de mercado, o [segundo] banco que mais crédito concede à economia, que tem mais agências, que tem 2.150 trabalhadores, não poder ir ao mercado e comprar divisas", disse.
Entretanto, se compararmos os primeiros seis meses do ano com o último semestre de 2024, a venda de divisas do Tesouro Nacional afundou 60%, já que entre Julho e Dezembro do ano passado, o Tesouro vendeu pouco mais de 2.065,3 milhões USD aos bancos comerciais, mais 1.242,9 milhões USD do que nos primeiros seis meses deste ano.
Este cenário acontece numa altura que a taxa de câmbio do kwanza face ao dólar está estagnada na casa dos 912 Kz por USD desde Dezembro do ano passado, ao contrário da relação com o euro, onde o Kwanza registou uma queda de 13% no I semestre do ano. Esta variação resulta da desvalorização da moeda norte- -americana face ao euro nos mercados internacionais.
BCI e BCH têm as menores taxas de câmbio
Entre os 20 bancos comerciais que operam no mercado financeiro nacional destacam-se o Banco de Comércio e Indústria (BCI) e o Banco Comercial do Huambo (BCH) como aqueles que oferecem as taxas de câmbio mais baixas para o euro e para o dólar norte-americano, respectivamente. Entre os mais caros estão o Banco YETU, com a maior taxa para o dólar, e o Banco Millennium Atlântico (BMA) para o euro.
A informação foi apurada pelo Expansão durante uma ronda feita nos sites oficiais dos bancos comerciais e do Banco Nacional de Angola. Os dados são referentes às taxas de câmbio de venda de terça-feira, dia 15 de Julho.
Em geral, as taxas de câmbio do dólar norte-americano nos diferentes bancos comerciais variavam entre os 930,2 e os 983,3 kwanzas. Já o euro, até à data da reportagem, valia nos diferentes bancos entre 1.087,1 e 1.170,2 Kz por cada unidade.
No entanto, até à data da reportagem, enquanto o dólar nos bancos comerciais estava a ser comercializada pelo valor mínimo de 930,2 Kz, nos mercados informais o dólar era vendido a 1.100 Kz, mais 169,8 Kz, ou seja, 18% acima.
Quanto ao euro, que até terça- -feira estava a ser comercializado por um preço mínimo de 1.087,1 Kwanzas nos bancos comerciais, as kinguilas vendiam por 1.300 Kz, mais 212,9 kwanzas, ou seja, 20% acima.
Leia o artigo integral na edição 835 do Expansão, de Sexta-feira, dia 18 de Julho de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)