Henrique Kaniaki

O Investimento Directo Estrangeiro (IDE) no País cresceu 8% para 2.356,3 milhões USD no primeiro trimestre deste ano face aos 2.182,1 milhões registados no mesmo período de 2024, de acordo com cálculos do Expansão com base nas estatísticas do Banco Nacional de Angola (BNA). Este é o melhor arranque desde 2016, quando o País captou 3.574,6 milhões USD nos primeiros três meses daquele ano que marca o início de cinco recessões económicas consecutivas (2016 a 2020).

Entretanto, o sector não petrolífero registou um crescimento de 80% ao passar de 133,5 milhões USD para 239,7 milhões USD, ou seja, mais 106,2 milhões USD em termos homólogos. Tratado-se do IDE não petrolífero mais alto registado num trimestre dos últimos 6 anos, ou seja, seria necessário recuar até o III trimestre de 2018 para se verificar um investimento fora dos petróleos mais alto (300,1 milhões USD) do que o registado no início deste ano.

Ainda assim, há um fosso enorme entre o que é investido no sector petrolífero e o que é investido nos outros sectores. No primeiro trimestre deste ano, o sector não petrolífero representou apenas 10% de todo o Investimento Directo Estrangeiro feito no País, um sinal de que a petrodependência do País continua, apesar de algum crescimento do peso no PIB de áreas como a agro-pecuária ou os transportes.

O fraco investimento nos sectores não petrolíferos demonstra que os investidores se sentem pouco confortáveis em aplicar o seu dinheiro em sectores sujeitos às circunstâncias próprias da economia nacional, onde o ambiente de negócios é considerado mau e onde prevalece uma alta de inflação, desemprego, depreciação cambial, e lacunas ao nível do capital humano. O mesmo não acontece no sector petrolífero, em que a produção é quase toda canalizada para os mercados internacionais.

Oil & gas captou 2.116,6 milhões USD

Como de costume, o sector petrolífero representa a quase totalidade do investimento estrangeiro em Angola. No primeiro trimestre, o oil & gas representou 90% da totalidade de investimento estrangeiro que o País captou. Contas feitas, as petrolíferas e empresas estrangeiras que actuam no sector investiram 2.116,6 milhões USD nos primeiros três meses do ano no sector petrolífero, mais 68,9 milhões USD face ao mesmo período de 2024.

O facto de o sector representar mais 90% do investimento estrangeiro em Angola durante estes todos anos é um claro sinal de que o petróleo continua a ser o grande motor da economia nacional e é o sector que garante maior confiança aos investidores apesar do declínio que se tem verificado nos últimos anos.

Leia o artigo integral na edição 830 do Expansão, de Sexta-feira, dia 13 de Junho de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)