Aversão ao risco pressiona bolsas
Incertezas políticas nos EUA e na Europa elevaram os juros das dívidas soberanas. Já o petróleo subiu devido aos recentes desenvolvimentos no conflito Rússia-Ucrânia, com efeitos na oferta global de petróleo.
Os últimos sete dias foram marcados por fortes perdas nas principais bolsas internacionais, pressionadas pelo aumento dos rendimentos das obrigações soberanas, que atingiram níveis máximos de quase vinte anos.
Nos EUA, o rendimento dos títulos do Tesouro a 10 anos subiu para 4,28%, enquanto as yields alemãs a 10 anos alcançaram 2,77%. Em outros países europeus, as yields também registaram aumentos, com realce para Portugal e Espanha que viram as suas yields a 10 anos subir para cerca de 3,5% e 3,6%, respectivamente, enquanto na Itália atingiu níveis superiores a 4%, e na França em torno de 2,9%.
O aumento das yields provocou forte venda no mercado accionista, com os índices dos EUA caindo mais de 2% na última terça-feira, destacando-se o Nasdaq com queda superior a 3%. Apesar disso, no agregado da semana, as expectativas de ajuste gradual das taxas de juro ajudaram a conter perdas, tendo o Nasdaq registado um recuo perto de 1% e o S&P 500 desvalorizado cerca de 0,69%, enquanto o índice de referência europeu, o Euro Stoxx 600, recuou 0,78% para 545,83 pontos.
Além disso, a aversão ao risco aumentou devido às incertezas políticas nos EUA e na Europa. Nos EUA, um tribunal considerou ilegais a maioria das tarifas comerciais do Governo, mas permitiu que continuem até 14 de Outubro, gerando dúvidas sobre o impacto económico. Na Europa, a instabilidade cresceu com a moção de confiança ao primeiro-ministro francês e a preocupação no Reino Unido face a cortes fiscais que colocam em risco a sustentabilidade orçamental.
No mercado das commodities, realça-se o preço da prata, que arrancou a semana em máximos de 14 anos, para os 40,82 dólares por onça, influenciado pela forte procura industrial, especialmente por parte da China, e a possibilidade de vir a constar da lista de minerais críticos dos Estados Unidos.
Já no mercado petrolífero, os preços foram impulsionados pelos desenvolvimentos no conflito na Ucrânia, com ataques recentes que terão afectado instalações russas de processamento de petróleo. Analistas estimam que isto poderá ter afectado a oferta global em pelo menos 1,1 milhões de barris por dia. Nos EUA, o WTI era negociado a 65,40 dólares por barril, enquanto o Brent de Londres, estava a ser transaccionado a 68,95 dólares por barril. Por fim, no mercado cambial, no agregado da semana, o par EUR/USD subiu cerca de 0,03% face à semana anterior para 1,16 dólares.