Cinquenta maiores sinistros custaram 244 milhões USD em indemnizações às seguradoras
Três sectores representam 94% das 50 maiores indemnizações pagas nos últimos cinquenta anos, nomeadamente o ramo petroquímico, com indemnizações avaliadas em 109,6 milhões USD, o sector do comércio com 70,4 milhões USD e a indústria transformadora com 50,1 milhões USD.
Os 50 maiores sinistros ocorridos em território angolano entre 1975 e 2025 custaram em indemnizações às seguradoras um total de 244 milhões USD. Trataram-se sobretudo de incidentes relacionados com incêndios, quer seja em plataformas petrolíferas ou em armazéns de indústrias e comércio, de acordo com um relatório da Agência Angolana Regulação e Supervisão (ARSEG), compilado pelo Expansão, que aponta a evolução dos riscos e os desafios enfrentados pelas empresas de seguros no nosso País.
O sector petrolífero dominou as indemnizações pagas nas últimas cinco décadas, com valores avaliados em 109,6 milhões USD. Aliás, pela sua exposição a riscos de grande magnitude, lidera a lista dos 50 maiores sinistros, com o pagamento de uma indemnização na ordem dos 25 milhões USD (ver peça ao lado). A maior parte das indemnizações deste sector são feitas em resseguro e em co-sseguro, uma vez que tendencialmente envolvem grandes quantidades monetárias que as seguradoras nacionais não conseguem garantir em casos mais graves.
Ao todo, este sector que é o grande motor da economia nacional tem 12 das 50 maiores indemnizações reveladas pela ARSEG. Os sinistros do sector petrolífero concentraram-se nas províncias de Luanda (7), Zaire (4) e Cabinda (1). São as zonas onde se encontram as principais regiões de exploração, refinação e distribuição de petróleo e gás no País e estão mais expostas a acidentes. Três sectores representam 94% das 50 maiores indemnizações pagas, nomeadamente o ramo petroquímico com indemnizações avaliadas em 109,6 milhões USD, comércio (70,4 milhões USD) e a indústria transformadora (50,1 milhões USD).
Se olharmos para os sectores com mais ocorrências de sinistros são obviamente aqueles que apresentam maiores indemnizações, como a indústria transformadora, petroquímica e comércio, que têm cada 12 casos. Juntos, detêm 70% dos 50 maiores sinistros compilados pela ARSEG. Seguem-se os transportes (5), agricultura e agropecuária (4), construção civil e engenharia (3) e saúde (2).
Estes sinistros afectaram sobretudo plataformas petrolíferas, linhas de montagem, unidades de produção de bens alimentares, têxteis e higiénico-sanitários, bem como centros de armazenamento de matérias-primas e produtos acabados. Afinal, quem é que não se recorda do incêndio que destruiu a loja da Shoprite do Palanca, ocorrido em 2014 e do incêndio que consumiu na totalidade o centro de logística da Refriango, em Viana?
Entre as 50 maiores indemnizações, o tempo médio de regularização dos sinistros variou entre 11 meses e 36 meses, sendo o sector da saúde aquele que registou o maior tempo médio para o pagamento das indemnizações, seguido da construção e engenharia, do sector petrolífero e do comércio (ver página 4).
O tempo de regularização de um sinistro depende muito da sua complexidade, pois dentro deste processo existem avaliação das perdas, a coordenação entre seguradoras, mediadores e resseguradores, para que se chegue a uma conclusão. Por exemplo, "nos casos de perda total por incêndio os prazos situam-se entre seis e dez meses, enquanto as ocorrências de inundação ou danos localizados foram resolvidas, em média, em menos de cinco meses. Em situações que exigiram avaliações periciais internacionais mais detalhadas, o tempo de regularização chegou a ultrapassar um ano e meio", revela o relatório. No entanto, verificaram-se casos que ultrapassaram os cinco anos, em que dois casos foram no sector petrolífero - um deles foi a maior indemnização de sempre paga em Angola - e o outro caso aconteceu no sector da Saúde, por morte por doença, que envolveu o pagamento de 456,2 mil USD.
Indemnizações na agricultura
Afinal, durante os 50 anos, existiu subscrição de apólices no sector da agricultura, onde as indemnizações asseguraram a recuperação de projectos de grande escala, perdas de colheitas e minimizaram impactos de pragas e eventos climáticos extremos. Os dados da ARSEG contrariam, assim, a ideia generalizada de que não há seguros agrícolas no País. Ao todo, este sector envolveu o pagamento de 4 indemnizações (entre as 50 maiores), num valor global de 2,9 milhões USD. Três delas foram por perdas de colheitas.
Leia o artigo integral na edição 847 do Expansão, de Sexta-feira, dia 10 de Outubro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)