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Negócios fora do petróleo dão 850 milhões USD de prejuízos em 5 anos

ACTIVIDADE NÃO-NUCLEAR DA SONANGOL CONTINUA A SER UM PESO PARA AS CONTAS DA MAIOR EMPRESA DO PAÍS

Mesmo com a efectivação de Programa de Privatizações, que começou a ser implementado em 2019 e já alienou 31 entidades que estavam incluídas no Grupo Sonangol, o número de empresas que actuam fora do sector petrolífero aumentou de 8, em 2019, para 12, no final de Dezembro de 2024.

As actividades da Sonangol fora do sector petrolífero continuam a ser motivo de preocupação para os gestores da maior empresa do País. De acordo com os cálculos do Expansão, com base nos seus relatórios financeiros, os negócios não-nucleares da Sonangol, que no final do ano passado incluíam 12 entidades que actuam nos sectores da saúde, transportes, telecomunicações, imobiliário ou educação, acumulam um prejuízo de 850 milhões USD entre 2020 e 2024.

No período em análise não foram registados quaisquer lucros do agregado, enquanto 2022 foi o ano com piores resultados financeiros, com prejuízos de cerca de 290 milhões USD. Em 2023 e 2024 os valores negativos baixaram, mas mantiveram-se relativamente elevados (ver infografia).

Caso a análise financeira da actividade não-nuclear da Sonangol se estenda até 2019, que serve de referência por ter sido o ano anterior à pandemia de Covid-19 (que teve um impacto devastador nas economias), os prejuízos acumulados pelo "non core" da Sonangol nos últimos seis exercícios aumentam para cerca de 870 milhões USD.

Oficialmente, a gestão destas unidades de negócio é feita directamente pela Sonangol Holdings, entidade que agrega um conjunto de empresas subsidiárias, cuja actividade principal "visa dar suporte aos negócios nucleares da Sonangol E.P.", assim como empresas que "desenvolvem negócios de carácter social, relacionados com o desenvolvimento de capital humano, ou que têm como prioridade o apoio ao desenvolvimento económico do País".

Ausentes desta lista estão as participadas que a Sonangol não controla directamente. O relatório e contas consolidado da Sonangol também não apresenta dados financeiros desagregados para cada uma das empresas.

Até 2019, os investimentos fora da actividade petrolífera colocaram o Grupo Sonangol a funcionar como um autêntico fundo soberano de Angola, acumulando interesses e participações accionistas que se estenderam por diversos sectores, em Angola e no estrangeiro, muitas vezes em associação com parceiros de capacidade e idoneidade duvidosa.

Esta realidade foi suportável, mesmo com diversos contratempos e sérios problemas de transparência e prestação de contas, enquanto a economia e a produção petrolífera do País estiveram em alta (entre 2004 e 2014).

Quando o contexto económico mudou, as actividades não-nucleares quase levaram a Sonangol à falência e deram origem a uma reforma total do sector petrolífero angolano, com a Sonangol a abandonar a função de concessionária e de regulação do sector petrolífero em Angola, e a criação, em 2019, da Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANPG).

A decisão do Governo retirou cerca de metade das receitas até então obtidas pela Sonangol e empurrou a empresa para um renovado foco na pesquisa, exploração e produção de petróleo (sem esquecer a distribuição de combustíveis e as necessidades associadas à transição energética), ainda que os resultados práticos desta nova arquitectura do sector estejam por provar.

12 empresas em 2024

No final do ano passado, eram 12 as entidades do Grupo Sonangol que actuavam em sectores não-nucleares: no topo da estrutura está a Sonangol Holdings, S.A., onde estão concentrados todos os investimentos fora do sector petrolífero.

Sob responsabilidade directa da Sonangol Holdings mantêm- -se a SIIND - Sonangol Investimentos Industriais, que gere os investimentos efectuados na Zona Económica Especial e nas indústrias ali instaladas (a maior parte destas unidades nunca funcionou e, entretanto, algumas já foram privatizadas) e a SONIP - Sonangol Imobiliária e Propriedades, que actua na gestão e construção de imóveis afectos às novas centralidades.

A lista inclui ainda a Sonair (serviços aéreos), Clínica Girassol, MS Telcom (telecomunicações), Instituto Superior Politécnico de Tecnologias e Ciências (ISPTEC), CFMA - Centro de Formação Marítima de Angola (formação), Academia Sonangol (formação profissional), Sonangol Vida (onde estão os fundos de pensões geridos pelo Grupo Sonangol), PDA Actividades (que actua no sector da educação) e a Solo Properties, que foi criada para gerir os imóveis da Sonangol em Londres, no Reino Unido.

Leia o artigo integral na edição 831 do Expansão, de Sexta-feira, dia 20 de Junho de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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