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2022 e a importância dos governantes e das suas políticas

EM ANÁLISE

No final de 2022 é nos lembrado, de novo e de forma clara e inequívoca, que as políticas dos nossos governantes têm um impacto real no nosso bem-estar e quão importante é que elas sejam implementadas de forma ponderada e com bom-senso. Faço votos que 2023 seja um ano de boas políticas e desenvolvimento para todos nós.

Parece estar em voga, especialmente entre os mais descrentes dos nossos governantes, argumentar que aqueles que nos governam e as suas decisões são irrelevantes, pois nada muda, nada melhora e só devemos mesmo contar com os nossos próprios esforços e resultados.

Embora esta visão tenha algum mérito, pois impulsiona-nos, enquanto indivíduos, a trabalhar mais e melhor, ela é claramente uma visão parcial e o ano de 2022 ficará como um exemplo marcante das consequências das decisões dos governantes para os seus países e cidadãos.

Em Fevereiro de 2022, o Presidente russo, Vladimir Putin, decidiu invadir um país soberano vizinho, assumindo que o tomaria rapidamente de assalto e que tanto europeus como americanos fechariam os olhos como em vezes passadas em prol dos benefícios económicos do gás e petróleo russos. No entanto, a opinião pública internacional empurrou os governantes ocidentais para a acção e hoje temos um conflito onde o invadido "corre o risco" de conseguir expulsar em breve um invasor desmoralizado. Para além da vergonha militar que a outrora armada invencível russa atravessa, existem consequências económicas e sociais bem mais graves e profundas das decisões do seu líder. É conhecido que Putin viaja regularmente da sua propriedade rural para o Kremlin. Com janelas escurecidas, o seu veículo viaja a alta velocidade pelas estradas de Moscovo. Porém, este percurso está hoje repleto de lojas vazias e letreiros "para alugar!".

Mesmo perto da residência oficial do primeiro-ministro onde vivem os mais privilegiados, as lojas gourmet e os melhores restaurantes já fecharam portas. Por causa das sanções, muitas coisas simplesmente já não conseguem funcionar. A crise da Rússia é óbvia para todos especialmente no Inverno.

A fase inicial de sanções, em que o governo russo foi capaz de compensar as consequências da guerra e do embargo, através de elevadas receitas petrolíferas, congelamento das exportações de capitais e manipulação cambial, acabou. Agora, as consequências das sanções e da mobilização estão a dominar o quotidiano das pessoas e a economia russa está lentamente, mas inexoravelmente a entrar numa profunda crise.

A quebra económica real é difícil de quantificar, pois as estatísticas russas são agora segredos de Estado e as autoridades publicam apenas números seleccionados, ao estilo chinês. Mesmo assim estes são negativos.

O banco central russo prevê uma contracção da economia de 3 a 3,5% este ano. A autoridade estatística indica uma queda de 4% no terceiro trimestre em relação ao ano anterior. O Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial esperam uma queda de 3,4% para 5,5% este ano. No próximo ano, o produto interno bruto deverá descer ainda mais, estima o banco central, até 4%.

Não se pode verificar independentemente se os números das autoridades russas estão correctos, mas sucedem-se os relatos de empresários russos que lutam pela sobrevivência económica numa altura em que a livre iniciativa é de pouca importância na Rússia e a economia está a ser cada vez mais convertida para as necessidades de guerra, de acordo com as vontades de Putin. Segundo o relato da economista russa independente Natalia Zubarevich, existiram quatro choques para a economia russa este ano.

O primeiro, o congelamento das finanças russas, que foi atenuado pela manipulação cambial. O segundo choque foi a saída de empresas internacionais, uma perda irreparável. O terceiro foi o embargo de gás de Putin e as sanções petrolíferas ocidentais, que irão limitar as receitas russas no futuro. Finalmente, o maior choque para o sector privado, diz Zubarevich, são as sanções comerciais no domínio da tecnologia. As autoridades americanas dizem que a importação de microchips para a Rússia caiu cerca de 70% este ano. E o que vem para o país, a indústria do armamento absorve imediatamente. A proibição da importação de tecnologia e equipamentos levará gradualmente à decadência tecnológica da indústria.

Também na China, a decisão política de implementar uma estratégia intolerante e inflexível apelidada de "Covid zero" tem causado uma devastação sem precedentes no desenvolvimento económico e no bem-estar da população, começando mesmo a pôr em causa a autoridade do seu líder. No final de 2022 é nos lembrado, de novo e de forma clara e inequívoca, que as políticas dos nossos governantes têm um impacto real no nosso bem-estar e quão importante é, que elas sejam implementadas de forma ponderada e com bom- -senso.

Faço votos que 2023 seja um ano de boas políticas e desenvolvimento para todos nós.

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