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Grande Entrevista

"O crédito malparado não é apenas um problema do BDA, mas da banca em geral"

PATRÍCIA VAZ D"ALMEIDA CUNHA, PCE DO BDA

A gestão actual do banco público liderado por mulheres, tomou posse em Abril do ano passado, passado exactamente um ano, Patrícia Vaz D"Almeida Cunha faz um balanço positivo, destacando a expansão do crédito nas diferentes linhas de financiamento e das agências em outras regiões do país. Ainda assim, muitas reservas são levantadas, desde o crédito malparado, a dívida da AngolaCable e a percepção dos empresários quanto ao papel do Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA).

Passado um ano desde que a nova administração tomou posse, quais foram os principais desafios e que balanço faz?

Este conselho de administração entrou numa fase de fecho de contas. Tomámos posse a 1 de Abril do ano passado, o nosso desafio foi o fecho de contas e no âmbito do alinhamento com o Executivo foi o Programa de Apoio ao Crédito (PAC), que tem sido um desafio muito grande. Trabalhamos de forma exaustiva, mas o balanço é positivo.

O que mudou neste período?

Tivemos algumas mudanças. O banco teve um crescimento a nível do capital humano, bem como do investimento noutras áreas onde tínhamos necessidade de o fazer, dando continuidade ao trabalho que já vinha dos anos anteriores.

Relativamente ao exercício económico de 2022, quais foram os resultados?

Foram positivos.

Pode avançar números?

Estamos neste momento a fazer o fecho e a consolidar as contas.

Quanto de crédito o BDA concedeu à economia em 2022?

Em 2022, recepcionámos mais de 2.000 solicitações de crédito e aprovámos mais de 1.700 iniciativas de crédito nos vários sectores da economia, num montante global de cerca de 184 mil milhões Kz, dos quais 113 mil milhões foram desembolsados.

Mas em Março do ano passado o BDA anunciou uma carteira de 400 milhões USD para financiar projectos de empresários nacionais.

Parte do valor foi financiado e desembolsado, com um pendor muito forte do PAC, tendo em conta a própria facilidade de acesso do programa. Estamos a ter um nível de sucesso elevado.

O que foi executado?

Do que estava previsto em termos de projectos, a execução foi acima dos 100%, do ponto de vista do número de projectos, ascendendo os 65 mil milhões Kz.

Mas quanto é que foi desembolsado a nível das diferentes linhas de financiamento do banco. Por exemplo, no caso do PAC?

No Programa de Apoio ao Crédito desembolsámos cerca de 56 mil milhões Kz, o que representa 1.341 projectos.

E quanto à linha de financiamento do Deutsche Bank?

Pela linha do Deutsche Bank foram aprovados até à data 14 projectos, num montante de aproximadamente 416 milhões de euros, desde o início da abertura da linha.

Mas em Janeiro deste ano o Deutsche Bank anunciou o alargamento da lista de países fornecedores de equipamentos, com o propósito de facilitar o processo de financiamento de empresários.

No início da abertura da linha havia uma exigência por parte do Deutsche Bank, que, de forma consensual com o BDA, o banco alemão reajustou e decidiu alargar a linha de fornecedores, o que veio facilitar as próprias empresas.

Além destas linhas de financiamento, o banco tem o dever de conceder crédito à economia.

Certo. Independentemente do programa criado pelo Executivo, como é o caso do PAC, o BDA nunca deixou de cumprir o seu papel, que são os projectos no âmbito do próprio FND. Todos os dias recebemos, em média, 10 pessoas que nos batem à porta para apresentar os seus projectos, que não estão incluídos no âmbito do PAC.

A empresa tem cumprido com os períodos de carência do financiamento?

Nos últimos 2 anos, podemos considerar um balanço positivo. Principalmente no último ano. Com a nova administração, o BDA implementou uma política muito mais próxima e isto tem permitido resultados positivos. Ou seja, os clientes hoje estão mais comprometidos com a sua responsabilidade de reembolsar, o que para nós é positivo.

Mas o banco tem empresas em incumprimento?

Bem, para o ano de 2022 não temos como considerar balanços negativos, porque é muito prematuro, mesmo a nível do FND e do PAC, devido ao período de carência. A título de exemplo, em função do tipo de sector, há projectos que têm períodos de carência de 2 e 3 anos, no caso do PAC são 15 meses. O PAC começou, de forma considerável, a desembolsar em Julho de 2022, até ao momento está a correr bem. O BDA tem feito um acompanhamento muito próximo de forma a não termos insucessos.

(Leia o artigo integral na edição 720 do Expansão, desta sexta-feira, dia 14 de Abril de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui