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África

África "não é uma mina para explorar, nem uma terra para saquear"

PAPA FRANCISCO CONTRA COLONIALISMO ECONÓMICO

Na visita à RDC o Papa Francisco denunciou o "colonialismo económico" e disse que é hora de "tirar as mãos de África" e parar de "asfixiar" o continente.

Na sua 40ª viagem internacional à RDC e Sudão, o Papa Francisco condenou o "colonialismo económico", tão "escravizador" como o colonialismo político, que "esvazia os povos africanos da liberdade e da autodeterminação" e exortou os que exploram as riquezas do continente a "tirarem as mãos de África".

"Chegou-se ao paradoxo de os frutos da sua terra o tornarem "estrangeiro" para os próprios habitantes. O veneno da ganância tornou os seus diamantes ensanguentados. É um drama face ao qual, muitas vezes, o mundo economicamente mais desenvolvido fecha os olhos, os ouvidos e a boca", afirmou o chefe da Igreja Católica, ao dirigir-se à população concentrada no jardim da residência oficial do Presidente Felix Tschisekedi na RDC.

Jorge Mario Bergoglio pronunciou palavras de apoio aos congoleses que resistem às tentativas de fragmentação do país, fustigado pela violência, e recordou mais uma vez o objecto de exploração da RDC e de forma geral de todo o continente africano, nesta visita que se realiza 37 anos depois de João Paulo II pisar solo congolês. "Este país e este continente merecem ser respeitados e ouvidos, merecem espaço e atenção: tirem as mãos da República Democrática do Congo, tirem as mãos de África! Basta deste sufocar África: não é uma mina para explorar, nem uma terra para saquear", clamou o Papa Franscisco, no seu primeiro discurso na RDC.

No Sudão do Sul, a viagem papal teve um pendor mais ecuménico. O chefe da Igreja Católica foi acompanhado pelo Arcebispo de Cantuária, Justin Welby, líder da Igreja de Inglaterra, cargo que lhe confere o título de líder espiritual da Comunhão Anglicana mundial, e do moderador da Assembleia Geral da Igreja da Escócia, Iain Greenshields.

A presença dos três simbolizou a "convergência de esforços" para aproximar as comunidades e promover a reconciliação entre povos que vivem o drama das tensões étnicas e políticas, factores que geram milhões de refugiados.