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NOVEMBRO: Luanda no epicentro da diplomacia UE-UA em mês de grandes encontros globais

Angola

Líderes de instituições africanas e europeias procuram soluções para apoiar o crescimento das economias africanas, que apresentam um ambiente de negócios difícil. Apesar de ser o tema do ano para a UA, debate sobre reparações não avançou durante cimeira de Luanda.

Num mês marcado por grandes encontros globais, Luanda foi palco da 7.ª Cimeira entre a União Europeia (UE) e a União Africana (UA), que juntou líderes africanos e europeus para debater investimentos, financiamentos e migração. O encontro ocorreu entre 24 e 25 de Novembro e resultou na Declaração de Luanda.

Entretanto, apesar de ser o tema do ano para a UA, o debate sobre reparações não avançou durante a cimeira de Luanda. Se a União Africana, que é liderada por Angola desde Fevereiro, decretou 2025 como o ano da "Justiça para os Africanos e Pessoas de Ascendência Africana através de Reparações", a cimeira de Luanda passou praticamente ao lado do tema, que envolve justiça reparativa, história, economia, acesso a financiamento e funcionamento das principais instituições multilaterais, surgindo apenas de forma breve na declaração conjunta entre a União Africana e a União Europeia.

Circularam rumores sobre uma sessão especial dedicada ao tema, mas estes foram desmentidos pelas fontes oficiais. A realização de sessões à porta fechada e o acesso limitado da imprensa dificultaram o acompanhamento diplomático.

No entanto, reforça-se que o objectivo das reparações é dar maior voz e poder aos países mais pobres, exigindo reestruturação da dívida, melhor governação e fortalecimento das instituições nacionais.

Mau ambiente de negócios afasta investidores

Durante o evento, diferentes responsáveis de instituições africanas e europeias que participaram do AU-EU Business Forum 2025, apontaram que o mau ambiente de negócios em África, marcado por instabilidade política, social e regulatória, bem como o excesso de burocracia, corrupção, morosidade do sistema judiciário, falta de infraestruturas e redes de comunicação, e um fraco capital humano, estão a travar e a comprometer o financiamento e a atracção de investimento europeu e local no continente, o que transformou África num território "para extracção" e com baixo nível de desenvolvimento.

O facto é que estes elementos não são novos, já que durante vários anos se tem questionado o mau ambiente de negócios em que os agentes operam no continente, rico em vários recursos naturais e que detêm a população mais jovem do mundo, com cerca de 60% dos seus habitantes com menos de 25 anos, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). E a culpa é da má governação que se tem verificado em África, após o período de colonização.

No entanto, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, revelou que União Europeia prevê investir 150 mil milhões de euros nem África até 2027 e já mobilizou mais de 120 mil milhões, de acordo com a agenda de investimento Global Gateway, uma estratégia europeia criada pela União Europeia para desenvolver novas infraestruturas em países em desenvolvimento.

Ursula von der Leyen reforçou que o bloco europeu está determinado a cumprir a meta estabelecida. Sublinhou que, num contexto internacional marcado por incertezas e pela reconfiguração das prioridades de investimento, "o compromisso da Europa com África não só permanece, como está a consolidar-se".

Cúpula do G20 e COP 30 lá fora

A África do Sul destacou-se ao realizar, nos dias 22 e 23 de Novembro, pela primeira vez no continente africano, a cimeira do G20 sob o tema "Solidariedade, Igualdade e Sustentabilidade", marcada pela adopção de uma declaração mesmo com as ausências dos presidentes da China e da Rússia.

Apesar disso, a presidência sul- -africana lançou uma iniciativa para tratar a dívida de países de baixo rendimento por meio do refinanciamento, com apoio do FMI e do Banco Mundial.

A cúpula do G20 também foi marcada pelo boicote dos Estados Unidos, levando a África do Sul a entregar simbolicamente a presidência do G20 a uma "cadeira vazia", em meio a tensões diplomáticas entre os dois países.

Já a COP 30, realizada no Brasil, alcançou um avanço ao adoptar indicadores comuns para medir a Meta Global de Adaptação e reforçou o foco no financiamento climático para países em desenvolvimento.

Os países africanos defenderam maior acesso a recursos internacionais, alívio da dívida e investimentos em energias renováveis como base do desenvolvimento. Apesar de progressos diplomáticos, a conferência evidenciou persistentes desafios políticos e económicos para para acções climáticas mais ambiciosas.

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