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África

Venâncio Mondlane pode ser a grande surpresa das eleições presidenciais

CAMPANHA ELEITORAL EM MOÇAMBIQUE JÁ COMEÇOU

O engenheiro de Lichinga, que já passou pelos dois maiores partidos da oposição, MDM e Renamo, candidata-se com o apoio de pequenos partidos que estão fora do Parlamento, representa a mudança e pode ter um resultado histórico nas eleições do próximo dia 9 de Outubro.

A campanha eleitoral arrancou em Moçambique com quatro candidatos à presidência do país, sendo que Venâncio Mondlane aparece aos olhos da opinião pública como independente, apesar de ter o apoio de vários partidos que estão fora do Parlamento. Para os analistas ele pode ser a surpresa deste pleito, baralhando as contas aos partidos tradicionais, sendo que num ambiente de grande insatisfação popular, pode mesmo vir a ter um resultado histórico.

A seu favor, o engenheiro de Lichinga tem uma grande experiência política, já passou pelo MDM e pela Renamo, e uma imagem de não estar alinhado com o poder, o que lhe dá uma enorme popularidade nas populações jovens das grandes cidades. Ele próprio é nascido e criado num subúrbio da capital, Matola, que apesar de ter uma componente industrial importante, tem graves problemas de desemprego e informalidade. É também o preferido pela classe média urbana, embora tenha pouca implantação nas zonas rurais.

Venâncio Mondlane chega à política em 2013 pela mão do recém- -formado MDM, depois de ter sido o único jovem da CPLP seleccionado para o programa internacional Leadership Program de iniciativa do então presidente Barak Obama, como candidato a presidente do Conselho Municipal de Maputo. Obteve um resultado histórico e pela primeira vez a oposição ficou com 42% dos assentos na assembleia municipal da capital. A exposição pública como chefe de bancada do MDM em Maputo, deu-lhe entrada para a lista de deputados, sendo eleito em 2015, assumindo desde logo um lugar de destaque no Parlamento com as funções de relator de bancada.

A sua ambição política e os atritos com Daviz Simango levam-no a trocar o MDM pela Renamo, o maior partido da oposição, sendo que em 2019 passou a ser o acessor particular do presidente Osmane Momade para os Assuntos Políticos e foi o mandatário nacional do partido nas eleições de 2019. Foi eleito deputado e também assumiu as funções de relator da bancada. Participou nas eleições autárquicas de 2023, onde a Renamo apesar de ter perdido o pleito, contestou o resultado com base nas suas sondagens paralelas, reivindicando a vitória com uma percentagem de 55%.

Esta enorme exposição pública colocavam-no em boa posição para poder ser o candidato da Renamo a estas eleições de 2024. É neste sentido que decide avançar com uma candidatura à presidência do partido contra Osmane Momade, mas a sua lista não é aceite porque não possuía 15 anos de militância política exigidos para concorrer ao cargo.

Zangado com esta disputa eleitoral, sai da Renamo e funda o seu próprio partido, Coligação Aliança Democrática (CAD), anunciando a sua candidatura à presidência de Moçambique. Recebe depois o apoio do PODEMOS (Partido Optimista pelo Desenvolvimento de Moçambique), e recentemente, a 23 de Agosto, o Partido da Revolução Democrática (RD) anuncia também que apoia Venâncio Mondlane. O apoio destes dois partidos acontece depois da perda de suporte da sua candidatura pela CAD, uma vez que as listas deste partido para as eleições legislativas foram excluídas pelo Conselho Constitucional.

É neste cenário, em que cada um dos partidos com representação parlamentar têm o seu candidato, que Venâncio Mondlane emerge como a esperança de mudança de regime reivindicada por muitos moçambicanos, estando a ser constituída á sua volta uma plataforma que junta os pequenos partidos descontentes com a actual situação do País. O seu foco nestes primeiros dias de campanha têm sido as mulheres, o sector informal, a classe média-baixa, reforçando discurso que é necessário uma mudança de regime e que os restantes candidatos representam o sistema. Entre outras promessas, prometeu acabar com a onda de raptos em Moçambique. Apesar desta postura mais próxima da população de baixos rendimentos, Venâncio Mondlane tem também algum crédito junto da elite económica e financeira do país, pois entre 2002 e 2013 trabalhou em várias instituições financeiras, nomeadamente no grupo Millennium, foi gestor corporate de grandes empresas e analista de projectos de investimento. Também se lhe reconhece algumas amizades com figuras importantes da sociedade moçambicana, que poderão dar uma "ajuda" na sua campanha eleitoral.

Leia o artigo integral na edição 791 do Expansão, de sexta-feira, dia 30 de Agosto de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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