Tarifas punitivas de Trump pintam Ásia e Europa de vermelho
As tarifas punitivas de Trump abalaram uma ordem comercial global que persistia há décadas, aumentaram os temores de recessão e eliminaram milhões de dólares do valor de mercado de grandes empresas.
Ao avançar com tarifas de 104% sobre importações chinesas que entram em vigor já esta quarta-feira, a notícia fez afundar as bolsas em Wall Street na sessão de ontem e as acções asiáticas, aumentando a aversão ao mercado asiático, avança a imprensa internacional.
Assim, o Japão liderou as quedas do continente, com o Nikkei 225 a perder 4,33% o Topix a recuar 3,73%, seguido da Coreia do Sul, com o Kospi a ceder 2% e está a caminho do "bear market" - ou seja, perder mais de 20% desde que atingiu máximos históricos, a 11 de Julho do ano passado. Desde o início do ano, o índice cede quase 4%, uma reviravolta já que há poucas semanas era o segundo melhor desempenho do ano entre os "benchmarks" asiáticos.
Apesar de a pressão estar sobretudo sobre a China, o que aumentou a volatilidade nesta sessão, em Hong Kong, o Hang Seng caiu 1,6% e o Shangai Composite estava pouco alterado. A China afirmou não ceder às pressões da Administração dos EUA, mesmo que a Comissão Europeia tenha pedido a Pequim para evitar escalar as tensões.
A Europa também não ficou de fora, já que entram também hoje em vigor as tarifas recíprocas de 20% às importações europeias. Os futuros da Europa apontam para perdas significativas, com o Euro Stoxx 50 a ceder 4,1%, depois de ontem ter registado a melhor sessão em mais de dois anos.
A Comissão Europeia está a preparar a resposta às sanções norte-americanas e vota esta quarta-feira uma lista de produtos a serem taxados. Ainda assim, Ursula Von der Leyen deixa a porta aberta a negociações com os EUA.
Nos EUA, desde que Trump revelou suas tarifas na quarta-feira passada, o S&P 500 sofreu sua perda mais profunda desde a criação do benchmark na década de 1950. Agora está se aproximando de um mercado de baixa, definido como 20% abaixo de sua máxima mais recente.
Os títulos de referência globais, ativos percebidos como relativamente seguros, também foram afetados pela turbulência do mercado nesta quarta-feira, uma reviravolta preocupante em direção à venda forçada e uma corrida pela segurança do dinheiro.