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Angola

Falta de poder de compra dos particulares e escassez de crédito barato arrefece mercado

PREÇOS EM DÓLARES CONTINUAM EM QUEDA NO MERCADO IMOBILIÁRIO

O mercado imobiliário continua em queda, devido à quebra continua do poder de compra dos angolanos provocada por vários anos de contracção económica e pela forte desvalorização cambial a partir de 2018. Poucos financiamentos e juros altos dos empréstimos continuam a dificultar acesso ao mercado.

A perda de poder de compra verificada nos últimos anos e as dificuldades à população em geral a aceder a financiamento bancário continuam a pesar negativamente no desenvolvimento do sector imobiliário na capital do País. No ano passado, os preços em dólares das habitações caíram entre 10% e 15% porque não há procura, indica a consultora imobiliária Abacus no seu relatório anual sobre o mercado imobiliário. Já em kwanzas continuam a subir devido à desvalorização cambial.

Só para se ter uma ideia, segundo contas do Expansão com base no preço do metro quadrado revelado pelo relatório, na zona de Luanda Sul/Talatona, o preço médio de um apartamento T3 de 300 metros quadrados caiu 12% para 660 mil USD em 2024, contra os 750 mil USD do ano anterior. Já na cidade de Luanda, nos últimos dois anos, os preços mantiveram-se estáveis.

Se as contas forem feitas em kwanzas, nas três zonas inquiridas pela Abacus, os preços médios por metro quadrado aumentaram quase na mesma proporção. Em Luanda Sul/Talatona, o preço em kwanzas de um apartamento novo T3 aumentou 11% para 574,1 milhões Kz face aos 517,6 milhões Kz de 2023.

Noutra zona de Luanda, mais concretamente no centro histórico, preços em moeda nacional dispararam 26%. Para adquirir um apartamento com a tipologia T3, o interessado teria de desembolsar pouco mais de 1,1 mil milhões Kz, enquanto o mesmo imóvel, em 2023, era comercializado a 879,9 milhões Kz (ver página 4).

Quanto às moradias da tipologia T4 e T5, os preços médios por metro quadrado em dólares em Luanda Sul/Talatona caíram apenas 2%, o que faz com que uma moradia destas tipologias tenha baixado dos 1.350.000 USD para 1.320.00 USD. Se os preços forem analisados em kwanzas, estes cresceram 23% para 1.148 milhões Kz, mais 217 milhões do que em 2023.

Já uma moradia na zona de Viana, Cama e Benfica viu o seu preço aumentar 10% em dólares para 345.000 USD, enquanto em kwanzas esse valor disparou 38% para 300,1 milhões Kz.

Os aumentos registados nos preços em Kwanza são justificados pela desvalorização cambial e pela falta de oferta de imóveis novos.

Especialistas e a consultora apontam o desempenho da economia como o grande "vilão" das oscilações do mercado imobiliário e acrescentam também que esta estagnação do mercado resultou, por outro lado, dos poucos contratos de arrendamento com indexação anual ou actualização cambial, ou seja, os preços praticados continuam a ter como referência de mercado o dólar. Dada a incerteza do ambiente económico, os inquilinos procuram a máxima flexibilidade, ou melhor, quem procura arrendar um imóvel pretende sempre encontrar contratos mais curtos. Os pesquisadores esperam que, com uma maior procura, os prazos possam aumentar.

A Abacus constatou, que no ano passado, o segmento do retalho (vendas), esteve praticamente parado pela falta de capacidade de aquisição do mercado, ou seja, os particulares não têm poder de compra. Apesar de uma banca mais robusta, há grande dificuldade do financiamento à economia, onde se inclui, com todo o rigor, o sector imobiliário.

Olhando para a realidade económica do País, o promotor imobiliário, Cleber Corrêa, diz que o imobiliário em Angola "tem uma grande carência especialmente de residências de baixo valor." E acrescenta: "mesmo as residências de médio valor estão a sofrer uma grande alta nas rendas, tendo em vista a promoção imobiliária ter reduzido muito a partir de 2014. É necessário que se criem políticas públicas que facilitem o acesso à habitação de baixa e média renda", avança o empresário.

Entretanto, reconhece que as grandes dificuldades que os promotores imobiliários enfrentam prendem-se com o crédito barato e acessível que, no seu entender, não existe no mercado.

Leia o artigo integral na edição 822 do Expansão, de quinta-feira, dia 17 de Abril de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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