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África

FMI revê crescimento da África Subsariana em baixa para 3,8%

COMO RESULTADO DA ‘GUERRA’ DAS TARIFAS

FMI e Banco Mundial estão reunidos em Washington até sábado com delegações de todo o mundo para as suas habituais reuniões de Primavera. O cenário para a economia em 2025 será de desaceleração do crescimento, como reflexo do aumento do proteccionismo, que corrói, sobretudo, as economias mais vulneráveis.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em baixa a sua projecção de crescimento da África Subsariana em 2025 para 3,8%, o que representa um corte de 4 décimas face ao que projectou em Janeiro, de acordo com o World Economic Outlook (WEO) publicado esta semana em que decorrem em Washington, EUA, as reuniões de Primavera das instituições multilaterais. Para Angola corta 0,6 pontos percentuais para 2,4%, reflexo da queda do preço médio do barril de petróleo.

As taxas de direitos aduaneiros efectivas para níveis nunca vistos num século e um ambiente altamente imprevisível deverá penalizar fortemente o crescimento económico mundial previsto para este ano, com o FMI a cortar em 0,5 pp a sua projecção de crescimento para apenas 2,8%, abaixo da média de 3,7% registada entre 2000 e 2019.

A instituição multilateral justifica a revisão em baixa para a quase generalidade dos países e regiões com a guerra comercial gerada pela imposição de tarifas dos EUA e a incerteza que provocaram nos mercados e nas economias. "Desde a divulgação da Actualização do WEO de Janeiro de 2025, uma série de novas medidas tarifárias pelos Estados Unidos e contramedidas pelos seus parceiros comerciais foram anunciadas e implementadas, culminando em tarifas americanas quase universais em 2 de Abril e elevando as tarifas efectivas para níveis não vistos num século. Isto, por si só, é um grande choque negativo para o crescimento", refere o documento.

Já na abertura dos Encontros de Primavera do FMI, no início da semana, a directora do fundo, Kristalina Georgieva alertou para as assimetrias no impacto das tarifas nas diferentes economias e para os custos que essas barreiras têm. "O proteccionismo corrói a produtividade a longo prazo, especialmente em economias mais pequenas", alertou a responsável, acrescentando que as tensões comerciais são como "uma panela que esteve a borbulhar por muito tempo e está agora a ferver".

Em relação a Angola, o fundo avança com uma revisão de 0,6 pontos percentuais face aos 3,0% previstos em Janeiro, agora para 2,4%, reflectindo a projecção de preço médio do barril de petróleo abaixo dos 70 USD previstos. Agora, a instituição multilateral projecta que o barril deverá rondar os 67 USD, preço que, a confirmar-se, agravará a projecção de défice orçamental de Angola para o equivalente a 2,3% do PIB, ou seja, cerca de 2,6 mil milhões USD, superior aos 1,65% previstos pelo Governo no relatório de fundamentação do Orçamento Geral do Estado. E por cada 5 USD abaixo dos 70 USD de preço médio anual, o défice duplica, segundo o OGE. E se em termos de crescimento o FMI avançou com uma revisão em baixa, em relação à inflação fez o inverso, apontando agora a 20,1% contra os 18,9% projectados no início do ano.

Também reviu em menos 0,2 pp o crescimento da Nigéria e em -0,5 pp o da África do Sul.

Já o crescimento nas economias avançadas está projectado para 1,4% em 2025, contra os 1,9% avançados em Janeiro. O crescimento nos Estados Unidos deverá abrandar para 1,8%, 0,9 pontos percentuais inferior em relação à projecção de há quatro meses, "devido à maior incerteza política, tensões comerciais e menor impulso da procura", enquanto o crescimento na área do euro deverá abrandar 0,2 pp para 0,8%.

Nas economias dos mercados emergentes e em desenvolvimento, o crescimento deverá abrandar para 3,7% em 2025 e 3,9% em 2026, com descidas significativas para os países mais afectados pelas recentes medidas comerciais, como a China.

Prevê-se que a inflação global desça a um ritmo ligeiramente mais lento do que o esperado em Janeiro, atingindo 4,3% em 2025 e 3,6% em 2026, com revisões notáveis para cima para as economias avançadas e ligeiras revisões para baixo para as economias de mercados emergentes e em desenvolvimento em 2025.

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