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Opinião

Saber gerir os recursos

EDITORIAL

Sem uma gestão equilibrada dos custos, nunca vai haver dinheiro suficiente para pagar todos os caprichos. E se são sempre os mesmos, as empresas e os contribuintes formalizados, a contribuir para a AGT, a instituição vai ficar sem "clientes".

O País passa por um momento de grande aperto financeiro. As receitas do petróleo caíram 758 milhões USD no último trimestre, e o plano geral de endividamento mostra que até ao final do ano o Governo tem de pagar quase 10 mil milhões USD em serviço da dívida. Menos cambiais a circular na economia, o Tesouro vendeu menos 11% de divisas aos bancos comerciais nestes primeiros seis meses, e uma máquina fiscal que atrofia cada vez mais a actividade das empresas, são os ingredientes que se juntam para percebermos que passamos por um momento muito complicado.

A isto juntamos uma gestão despesista do Governo, que continua a gastar milhões em coisas que verdadeiramente não fazem falta, nem acrescentam nada ao nosso desenvolvimento económico, e que foi potenciada com as comemorações dos 50 Anos de Independência. O discurso oficial mantém a bitola da necessidade de aumento das receitas, do equilíbrio das contas com a entrada de mais, e mais e muito mais dinheiro. Que depois vamos pagar, claro, lá mais para a frente.

Duas coisas importantes são necessárias dizer - sem uma gestão equilibrada dos custos, nunca vai haver dinheiro suficiente para pagar todos os caprichos. E se são sempre os mesmos, as empresas e os contribuintes formalizados, a contribuir para a AGT, a instituição vai ficar sem "clientes". As empresas fecham ou mudam-se para outros países, e os cidadãos emigram ou deixam, pura e simplesmente, de pagar.

Feito este parênteses, é necessário perceber que para termos uma sociedade que se preocupe com os recursos disponíveis, que cada cidadão na sua actividade tenha a preocupação de poupar, de fazer a melhor utilização dos equipamentos, de cuidar e reparar as infraestruturas, no fundo, ter respeito pelos bens públicos, é necessário que os exemplos venham de cima. Que quem governa fale destas coisas sem receios e, fundamentalmente, adopte uma postura que nos mostre, a todos, que também estão a poupar os recursos colectivos. E isso não acontece na verdade.

Incomoda-me muito que quando é para gastar usamos o argumento do maior de África e do mundo, como se isso resolvesse os nossos problemas. Estamos mais pobres, mais débeis e com um futuro mais comprometido em termos financeiros. Vamos lá fazer como as nossas avós, não gastar tudo o que temos, ter a consciência de que os recursos não são apenas nossos, mas de toda a família. Ter a responsabilidade e a organização de gerir com pouco a felicidade de muitos, sem estar constantemente a endividar-nos para o futuro. Não custa muito. Basta fazer contas e ser sério!

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