Subsídios dos novos bolseiros internos com atraso de seis meses
Estava previsto que os pagamentos seriam feitos na primeira quinzena do mês de Março, mas passado esses períodos sem regularização dos subsídios, os estudantes manifestam preocupação com os atrasos, numa altura que já estão no meio do ano lectivo 2024/2025.
Os pagamentos dos subsídios dos bolseiros internos estão com atraso de seis meses, apesar do Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo (INAGBE) garantir que os bolseiros já estariam a ser pagos desde o mês de Janeiro.
O Expansão apurou que os bolseiros antigos começaram a receber os seus subsídios desde o dia 17 de Março, mas os novos bolseiros ainda estão sem as suas subvenções desde o início do ano lectivo 2024/2025, a 5 de Outubro do ano passado.
De acordo com o INAGBE, até a primeira quinzena de Março estariam pagos a primeira fase dos subsídios e seguia-se o processamento da segunda fase, referentes aos meses de Março a Julho de 2025, concluindo assim o pagamento correspondente do ano académico 2024-2025.
Na prática, nem a primeira nem a segunda fase foram cumpridos, pelo menos, para os novos bolseiros que aguardam desde o mês de Outubro.
De acordo com o instituto, todo procedimento está a ser feito para que os bolseiros tenham à disposição os seus subsídios.
"O INAGBE garante estarem a ser cumpridos os procedimentos para que o processamento dos subsídios dos bolseiros internos seleccionados no corrente ano académico se realize nos próximos dias", avançou a instituição em nota depois de contactado pelo Expansão. Por outro lado, o instituto assegura o compromisso de apoiar a formação de quadros nacionais através da concessão de bolsas de estudo e "garantimos o processamento regular dos subsídios aos estudantes bolseiros internos e externos".
INAGEB não cumpriu com as datas de pagamentos
Passados a primeira quinzena do mês de Março, data indicada pelo instituto para a conclusão dos pagamentos dos subsídios, estudantes bolseiros manifestaram preocupação com os pagamentos.
"Paira entre nós uma preocupação devido aos atrasos dos subsídios, pois até o momento não temos nenhuma informação mesmo estando no meio do ano académico", lamenta Márcia de Carvalho, estudante do primeiro ano de telecomunicações da Universidade Católica de Angola (UCAN).
A estudante acrescenta que a pressão não está muito do lado do pagamento das propinas, porque basta apresentar à instituição o contrato da bolsa, mas a grande preocupação está com o transporte, realização de trabalhos académicos, entre outros custos que são necessários.
"Exigimos o pagamento em atraso. Temos estado a realizar várias manifestações, mas não temos sido ouvidos", lamenta Dário dos Santos, outro estudante de telecomunicações da UCAN, solicitando ao instituto que venha a comunidade académica os atrasos.
"Penso que nesta altura poderíamos estar a debater o aumento das bolsas e não os constantes atrasos", sublinha o estudante. Recorde-se que os bolseiros de graduação recebem um valor de 55 mil Kz/mês e os de pós-graduação recebem 100 mil Kz.
Antiga gestão do INAGBE continua sob auditoria
A antiga gestão do INAGBE continua sob auditoria do Tribunal de Contas desde Dezembro do ano passado, fruto de fortes suspeitas de desvios de fundos, bem como outras irregularidades na gestão das contas. Segundo o trabalho de auditoria, as saídas de milhares de dólares, euros e milhões de kwanzas, para diversas partes e instituições não estão devidamente justificadas.
Nos montantes em moeda nacional, a auditoria do Tribunal de Contas detectou que o INAGBE efectuou pagamentos superiores a 830 milhões Kz, a favor de diversos fornecedores de bens e serviços, sem, no entanto, haver qualquer documento de suporte. O Expansão apurou que o resultado da auditoria poderá ser apresentado no final do mês de Abril.