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Universidade

Universidades preferem sistemas de gestão académica "nacionais"

ESPECIALISTA ADVERTE PARA FRAGILIDADES QUE PODEM POTENCIAR CIBERATAQUES OU FRAUDE

O elevado custo com os sistemas de gestão académica, causado pelas alterações cambiais, tem levado as universidades a optarem por desenvolver os seus próprios softwares de gestão. Especialista alerta sobre os sistemas frágeis que potenciam esquemas na instituição.

As instituições de ensino superior estão a optar pela adopção de sistemas de gestão académica nacionais em detrimento de sistemas de empresas estrangeiras devido às constantes flutuações cambiais, que têm elevado o valor da manutenção dos sistemas (softwares).

A Universidade Técnica de Angola (UTANGA), por exemplo, utiliza um sistema de gestão académica feito pelos engenheiros da sua direcção, que estudaram nesta universidade, e garantem que o sistema tem cumprido com os objectivos da instituição.

Ilídio Pascoal, reitor da UTANGA, explicou que o sistema tem servido para consultar notas, calendários e pagamentos, exames especiais entre outros serviços prestados pela instituição e os estudantes ou os profissionais académicos podem consultá-lo em qualquer parte do mundo.

"Hoje em dia não existem tecnologias acabadas, ou seja, os criadores do sistema estão a trabalhar constantemente para que o sistema não seja vulnerável", explica o reitor, acrescentando que, para se evitar qualquer tipo de fraude, os professores da instituição têm um período para publicar as notas e, quando passa esse período, é-lhes negado o acesso. Os estudantes que não têm os pagamentos em dia não conseguem ver as notas ou efectuar qualquer serviço.

O Instituto Superior Politécnico de Benguela ainda utiliza o sistema de gestão da IT Gest (uma empresa portuguesa), mas o seu reitor explicou que a instituição está a trabalhar no desenvolvimento de um sistema nacional ou interno.

"O Departamento de Engenharia da instituição está a desenvolver um projecto de substituição. Portanto, o nosso programa de gestão vai ser mesmo nacional. Estes sistemas não são baratos", explicou o reitor, que não quis avançar quanto pagam pelo sistema, mas que admite que está acima dos 24 milhões Kz.

Por outro lado, o académico avançou que uma das razões que faz com que as instituições troquem de sistema é o facto de muitas vezes existirem questões que dependem apenas do fornecedor, para que a instituição os consulte com frequência.

"Nós não podemos ficar amarrados eternamente ao fornecedor. Temos de ter alguma independência daquilo que é o programa. Aliás, isso tem a ver com a segurança do próprio sistema. Hoje discute-se muito sobre a cibersegurança. Os sistemas são todos previstos e os hackers e outros intrusos tentam sempre invadir esses sistemas, então são estas e outras questões que nos fazem repensar".

O Expansão apurou que as instituições gastam entre oito a 30 milhões Kz por ano para manter os seus sistemas de gestão operacionais. A Universidade Gregório Semedo é outra instituição que dispõe de um sistema nacional, não feito pelos estudantes, mas comprado a uma empresa nacional que tem oferecido confiança a outras instituições. Trata-se do sistema integrado de gestão académica (SIGA) da Okayula Tech.

As universidades que utilizam os sistemas de empresas estrangeiras no processo de digitalização usam preferencialmente os sistemas de gestão como Oracle, Itil, NetPa, Júpiter e It gest.

Para Luísa Gustavo, professora de Engenharia Informática, as instituições são livre de optar por sistemas de gestão nacional ou estrangeira, mas é muito importante terem cuidado com sistemas frágeis que potenciam esquemas na instituição.

"A questão dos sistemas de gestão na comunidade académica é um assunto que gera muitos debates, porque os estudantes e professores estão sempre a reclamar de que lançou a nota, mas não consta no sistema e outros assuntos, então, entre um e outro é preciso ter atenção ao tipo de sistema que se utiliza", diz.

Por outro lado, a especialista avançou que, apesar dos custos, os sistemas estrangeiros acabam por dar mais garantia, pois dispõem de mais mecanismos de controlo contra ataques cibernéticos.

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