A três meses do fim das aulas, bolseiros internos sem os subsídios
Desde que começou o ano lectivo 2024/2025, no mês de Outubro, os bolseiros internos ainda não receberam os subsídios para custear o transporte, compra de material académico, entre outros. INAGBE garante que o fim dos pagamentos está previsto para terça-feira, dia 13 de Maio.
A três meses do fim do ano lectivo 2024/2025 no ensino superior, os bolseiros internos afecto ao Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo (INAGBE) continuam sem receber os seus subsídios referentes ao presente ano académico.
Neste momento, já são contabilizados oito meses de atraso.
No início de Janeiro, o INAGBE garantiu que até à primeira quinzena de Março estaria paga a primeira fase dos subsídios (Outubro a Fevereiro) e seguia-se o processamento da segunda fase, referente aos meses de Março a Julho de 2025, concluindo assim o pagamento correspondente ao ano académico 2024-2025.
No entanto, essas datas não foram cumpridas e, agora, a instituição responsável pelas bolsas volta a comunicar que a conclusão do pagamento do subsídio correspondente aos encargos inerentes a cinco meses, de Outubro de 2024 a Fevereiro de 2025, está prevista para o dia 13 do corrente mês. Neste caso, na próxima terça- -feira. "O processamento do valor correspondente será feito directamente à conta bancária indicada pelo estudante, na altura da entrega do processo para assinatura do contrato".
Por outro lado, avança que "em observância ao trabalho articulado entre o INAGBE e as Instituições de Ensino Superior (IES) públicas, privadas e público-privadas, os próximos pagamentos serão feitos após a inclusão dos "novos" bolseiros ao protocolo firmado com as referidas IES.
"Quanto aos bolseiros "antigos", o processamento dos subsídios referentes aos meses de Março a Julho, que perfaz o pagamento do ano lectivo 2024- -2025, está previsto para a 1.º quinzena do mês de Junho".
Bolseiros agastados com o atraso nos subsídios
O facto de o Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo (INAGBE) não ter cumprido as datas de pagamento tem deixado mais agastados os estudantes que reclamam pela irresponsabilidade da instituição.
"Em Fevereiro avisaram que seríamos pagos na primeira quinzena de Março, passou esse período e aparecem agora com uma outra data, de facto, há aqui um nível de irresponsabilidade sem precedentes. Corremos o risco de terminar o ano sem os subsídios", lamenta o estudante do 2.º ano do curso de Engenharia Informática do Instituto Superior para as Tecnologias de Informação e Comunicação (ISUTIC).
Para Márcia de Carvalho, estudante do 1.º ano de Telecomunicações da Universidade Católica de Angola (UCAN), numa altura em que o valor custeia essencialmente o transporte, tem sido muito difícil o presente ano lectivo.
"Fruto do acordo que o INAGBE tem com a instituição não somos impedidos de fazer as provas, porque a propina é paga directamente à instituição, mas o restante que nos é pago para apoiar o transporte e outros custos com a formação é que nos fazem falta. Há dias que não consigo ir à universidade por falta de transporte", queixa-se.
Os bolseiros de graduação recebem um valor mensal de 55 mil Kz e os de pós-graduação recebem 100 mil Kz.
Ainda não se conhece o resultado da auditoria feita à antiga gestão do INAGBE
Estava previsto que os resultados da auditoria à antiga gestão do INAGBE, feita pelo Tribunal de Contas, seriam conhecidos no final de Abril, mas até ao momento não há informações.
Recorde-se que a antiga gestão do INAGBE está sob auditoria, na sequência de fortes suspeitas de desvio de fundos, bem como outras irregularidades na gestão das contas desta instituição pública.
Segundo o trabalho de auditoria, as saídas de milhares de dólares, euros e milhões de kwanzas, para diversas partes e instituições não estão devidamente justificadas. Nos montantes em moeda nacional, a auditoria do Tribunal de Contas detectou que o INAGBE efectuou pagamentos superiores a 830 milhões Kz, a favor de diversos fornecedores de bens e serviços, sem, no entanto, haver documentos de suporte.