"O que tenho feito é levar a nossa cultura angolana a todo o mundo"
O seu nome faz parte dos escaparates da música e canto lírico. Nelson Ebo é o tenor angolano cuja potência vocal já entoou em palcos do mundo. Depois de cantar "Monami", com Paulo Flores, para as Nações Unidas, os dois músicos estão a trabalhar em projectos a dois, segundo revela na entrevista ao Expansão.
Que significado tem para si cantar "Monami" com Paulo Flores num evento das Nações Unidas ?
Interpretar o tema só por si tem um grande significado para mim e participar num evento internacional como esse é um sonho. Já cantei várias vezes para os eventos das Nações Unidas, mas essa actuação com Paulo Flores foi diferente e tocou-me o coração, porque foi um sonho cantar com ele. Fizemos uma pequena mudança na nossa música folclórica. Foi algo que saiu de dentro de nós, foi uma alegria.
De quem foi a ideia?
Foi um amigo que trabalha nas Nações Unidas que nos convidou para participar, e fomos os únicos músicos a cantar no evento. Gravei a minha parte em casa e o Paulo também, depois falei com um amigo, engenheiro de som, que vive na Bélgica que produziu e editou o vídeo que foi publicado no evento e para o mundo.
Como surge o desafio de cantar "Civilização" poema de Agostinho Neto?
Para participar no concurso "Di Canto Lírico Virtual SOI Scuola dell, Ópera Italiana Fiorenza Cedolins" tínhamos de cantar ópera e músicas tradicionais dos nossos países então, decidi cantar "Civilização", poema do Dr. Agostinho Neto. E o compositor Dimitri preparou a música e participamos no concurso, e ganhámos o prémio especial ex aequo em Maio deste ano. É um sentimento de alegria, e quando soube que fomos os vencedores não acreditei. Foi uma alegria cantar músicas clássicas folclóricas e para mim é muito importante fazer algo para Angola, pois que, o que tenho feito é tentar levar a nossa cultura angolana a todo o mundo. Receber este prémio também foi a realização de um sonho.
O casamento da ópera com a música folclórica exige mais de si?
Exige muito mais, porque requer mais trabalho. É colocar o clássico internacional, o parque da
ópera, no nosso estilo nacional. Estou tão feliz por fazer estes trabalhos para Angola, porque a temos nos nossos corações.
É a sua contribuição para o País?
Sim, o objectivo é sempre levar o nome de Angola ao mais alto nível. Praticamente sou o único cantor do género lírico internacional que canta fora do País.
Acha que as suas músicas são ouvidas pelos angolanos?
Sim, penso que há muitos angolanos que ouvem, porque disponibilizamos as músicas nos canais digitais e sei também que passa em algumas rádios. O povo angolano ouve e gosta das músicas de Nelson Ebo.
Entre Nelson Ebo e Paulo Flores vai nascer mais projectos?
Temos conversado no sentido de desenvolver outros projectos. Temos de oferecer o que tiramos dos nossos corações e colocamos nas músicas e passar aos ouvintes, porque as pessoas estão a pedir. Tem sido satisfatório receber o feedback dos angolanos. Recebo muitas mensagens a pedir para gravar mais músicas do género do "Monami". Estamos a preparar um pequeno projecto com o Paulo Flores e a Casa 70.
Para quando?
Possivelmente em 2022 ou 2023 começaremos a trabalhar a definição do destilo de música que vamos meter nesse possível disco que pretendemos lançar em Angola. Também estou em contacto com alguns músicos líricos em Angola para melhor organizarmos o momento de partilha de conhecimento. Pretendo levar dos Estado Unidos alguns músicos profissionais para Angola e juntos trabalharmos. Sempre foi um sonho trabalhar com os meus manos em Angola.
(Leia a entrevista integral na edição 631 do Expansão, de sexta-feira, dia 2 de Julho de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)