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"Em contextos de pobreza, investir na leitura é vital para romper o ciclo"

SALVADOR FERREIRA- ESCRITOR

Depois de cinco livros publicados, o escritor está à espera de patrocínios para lançar a sua sexta obra literária. Com uma temática, que considera ainda ser tabu para a sociedade, o nosso entrevistado tem em 140 páginas depoimentos de mulheres e homens.

Sempre fui um observador atento das particularidades dos contextos sociais onde me insiro e, por isso, desenvolvi um interesse em conhecer e compreender melhor alguns aspectos do nosso quotidiano, que são relevantes, mas que muitas vezes nos escapam, pois a pressão constante do dia-a-dia não nos permite prestar atenção a certos detalhes e assim perdemos a possibilidade de reflectir e entender o que está além do nosso olhar. O mês de Outubro é dedicado à reflexão sobre o cancro da mamã.

O seu livro surge em função desta efeméride?

Não necessariamente. Falar dos seios é um assunto delicado, pois eles estão relacionados com a vida afectiva e sexual, que nem sempre as mulheres querem expor publicamente. Contudo, eles são uma parte maravilhosa do corpo humano, que merece ser celebrada e compreendida. Quando estava a escrever o livro, perguntavam-me frequentemente: porquê os seios?

E porquê os seios?

Neste livro, compartilho as minhas descobertas e reflexões sobre uma temática fascinante, que envolve aspectos físicos, emocionais, culturais e sociais relativos aos seios. Para tal, foram realizadas entrevistas a mulheres e homens que aceitaram relatar as suas experiências e os seus sentimentos em relação a este órgão, assim contribuindo para o enriquecimento da pesquisa. Pretende-se com este trabalho, fruto de alguns anos de pesquisa e dedicação, que o leitor também aprenda e se divirta com a leitura. Não há motivo para temer o debate sobre os seios, porque eles são aliados das mulheres.

Diz que escreveu este livro sem medos, sem vergonha e longe de tabus e preconceitos. Acha que é tabu em Angola um homem escrever sobre seios?

Sim porque vivemos numa sociedade fortemente influenciada por estereótipos de género, focada essencialmente na construção de personalidades e de comportamentos típicos, uns para homens, outros para mulheres, acreditando-se que cada um dos géneros está mais habilitado para falar sobre aqueles que são inerentes ao seu género. Desta forma, assume-se que um homem, em princípio, não está "habilitado" para tratar de um tema exclusivamente feminino. Superar este preconceito e transformar a vivência pessoal de algumas mulheres em algo de interesse colectivo foi, na verdade, o maior desafio deste projecto.

Quanto tempo levou a escrever? Quantas páginas tem o livro?

A ideia de escrever este livro é bastante antiga. Demorei mais de uma década para transformar a ideia em livro, pois queria ter a certeza de que era uma boa escolha. Muitas pessoas têm uma forte conexão com os seios e, talvez por isso, pensam que já sabem tudo sobre eles e não há mais nada a dizer. No entanto, trata-se de algo que se relaciona com a história de vida das pessoas, e falar sobre os seios é uma maneira de contribuir para uma aprendizagem colectiva da sociedade sobre um assunto que considero de interesse geral. Dediquei-me exclusivamente a trabalhar no livro nos últimos três anos. O livro tem cerca de 140 páginas.

Quem é o público-alvo do seu livro?

O público-alvo deste livro é diversificado, abrange mulheres desde adolescentes até às mais velhas e homens.

Leia o artigo integral na edição 802 do Expansão, de sexta-feira, dia 15 de Novembro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui.

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