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Angola

MAIO: BNA volta a safar banco Económico com "injecção" de 85 milhões USD

Retrospectiva 2025

Dúvidas sobre a recuperação do último empréstimo concedido ao ex-BESA obrigaram o BNA a registar perdas por imparidades. Cenário não é novo, já que o Banco Económico continua a ser o maior devedor do banco central, beneficiando da sua tolerância regulatória para continuar de portas abertas.

Aquilo que o FMI tem vindo a alertar, de que o Banco Económico tem sobrevivido à conta da tolerância regulatória do Banco Nacional de Angola (BNA), voltou a verificar-se em 2024 e em 2025.

O ex-BESA recebeu no ano passado uma nova ajuda do banco central através de um empréstimo de 77,1 mil milhões Kz, equivalente a 85 milhões USD, por via de uma operação de cedência de liquidez overnight, de acordo com o relatório e contas de 2024 do BNA. E como o banco não pagou ao BNA esse empréstimo dentro do prazo, o banco central acabou depois por dar como perdido 70% desse valor, conforme comprova o relatório e contas.

Não é novo que o Banco Económico tem sido mantido vivo "ligado à máquina" através da inércia do BNA em cobrar-lhe uma dívida de 256,96 mil milhões Kz, contraída em 2016 e que continua em incumprimento nos balanços do supervisor bancário, que já inscreveu imparidades de 100% sobre esse valor.

O "herdeiro" do BESA está há vários anos com problemas de liquidez, está em falência técnica pelo sexto ano consecutivo e teima em não ter uma solução, ainda que o Expansão saiba que dentro do banco central esteja a ser "cozinhado" um modelo "banco bom", "banco mau", à semelhança do que se fez em Portugal no banco irmão do então BESA, o BES, que se transformou em Banco Novo. Mas essa solução tarda em aparecer, até porque o Fundo de Resolução tarda em sair da gaveta, o que inviabiliza esse mecanismo à portuguesa.

De acordo com o relatório e contas do banco central, já em 2023 o BNA emprestou 15,5 mil milhões Kz ao ex-BESA, tendo registado uma imparidade acumulada de quase 10,2 mil milhões Kz sobre esse empréstimo sob operação de cedência de liquidez também ela overninght.

Segundo o relatório do supervisor bancário, "as operações de overnight visam ceder liquidez por prazo de um dia às instituições financeiras bancárias, e são concedidas a exclusivo critério do BNA, mediante solicitação formal da instituição financeira, nos termos regulamentares, sendo realizadas com o compromisso de recompra dos activos dados em garantia".

Não são conhecidos os critérios que o BNA utiliza para decidir que bancos têm, ou não, acesso a estas cedências de liquidez, mas em 2024, e apesar de reiteradamente o BE ser um mau pagador, voltou a emprestar-lhe 77,1 mil milhões Kz, operação que vários especialistas admitem ser uma espécie de "injecção" de capital disfarçado de empréstimo.

"Dada a situação do Banco Económico, o BNA utiliza instrumentos de intervenção não convencionais para estar a dar liquidez ao banco.

Antes, interveio com operações de redesconto. Acredito que dada a situação do BE, que não tem acesso a liquidez via depositantes ou accionistas, o BNA faz estas cedências porque é a única forma de o banco ainda estar aberto, consciente até de que muito dificilmente irá recuperar estes valores", admitiu um alto quadro da banca nacional ao Expansão.

Estado deve 7,5 mil milhões USD à Sonangol

Foi também em Maio que o Expansão fez manchete com as dívidas do Estado à Sonangol. A intensa relação entre a petrolífera nacional e o Estado, que também é o seu único accionista, é cada vez mais um entrave para a Sonangol, ao impedir que a empresa efectue os investimentos necessários para dar sustentabilidade financeira às suas operações, aumentar a capacidade de produção de petróleo bruto, financiar a transição energética e o desenvolvimento de novos projectos. O montante coloca a Sonangol como segundo maior credor individual do País, apenas atrás do Banco de Desenvolvimento da China.

A dívida está relacionada com o processo de subsidiação estatal aos combustíveis: A Sonangol importa-os e estes depois são vendidos a um preço muito abaixo do de mercado, que o Estado deve compensar no final do exercício financeiro em causa, o que praticamente nunca acontece.

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