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Angola

Mercado do 30 passa a cobrar "taxa" de entrada a viaturas

ALÉM DA COBRANÇA DO ESTACIONAMENTO

Direcção do mercado do 30 recusou prestar informações sobre a medida, que impede a circulação interna de viaturas sem pagarem uma "taxa" que vai dos 150 aos 2.000 Kz, consoante o veículo. Comerciantes e clientes manifestam insatisfação e perguntam para onde vai o dinheiro?

Os clientes que pretendem circular de automóvel no interior do Mercado do 30, um dos maiores centros de comércio informal da província de Icolo e Bengo, estão agora sujeitos ao pagamento de uma taxa. A medida, implementada há poucos meses pela direcção do mercado, estipula valores que variam entre 150 e 2.000 Kz, dependendo do tipo de viatura.

Um motociclista que pretende circular no interior da praça deve pagar uma taxa entre 150 a 200 Kz, sendo 150 kz para motorizadas de duas rodas e 200 kz para as de três rodas. Já os condutores de viaturas ligeiras pagam entre 200 e 500 Kz. Os condutores de viaturas pesadas estão sujeitos ao pagamento de valores que oscilam entre 1.000 e 2.000 Kz, autocarros e camiões pagam 2.000 kz, enquanto carrinhas (sem carga) e mini-autocarros pagam 1.000 kz, de acordo com a tabela vista pelo Expansão.

Os taxistas dos "azuis e branco" pagam uma "portagem" no valor de 500 Kz, além de um valor adicional de 300 Kz por cada lotação realizada ao longo do dia dentro do mercado.

Neste caso, se um taxista conseguir lotar 25 vezes, significa que, apenas com as lotações, deixa 7.500 Kz por dia. A decisão tem gerado um intenso debate entre os utentes, que se mostram insatisfeitos com a cobrança, sobretudo pela falta de melhorias visíveis nas condições de infraestrutura e mobilidade dentro do recinto. Muitos consideram a medida injusta, tendo em conta que não revertem para benefícios no espaço, alegando que o mercado continua a enfrentar problemas "crónicos", como estradas esburacadas, falta de sinalização, ausência de espaços organizados para carga e descarga.

"Pagamos para entrar, mas continuamos a circular no meio do lixo e da lama. Não há qualquer benefício para o cliente. Parece apenas mais uma forma de arrecadar dinheiro", desabafa João Manuel, comerciante.

Cobrança é para manter

Segundo apurou o Expansão, a cobrança da "portagem" representa uma das fontes de receita para a direcção do mercado. Uma estimativa, com base num dos jovens que estão à entrada do mercado, aponta para uma receita diária entre 150 mil e 200 mil Kz, só com as taxas cobradas aos automobilistas que circulam no interior da praça. A cobrança é feita por agentes posicionados na entrada principal do mercado, que entregam uma ficha como comprovativo de pagamento e que serve para o dia todo. No entanto, não há informações claras sobre o destino dos fundos arrecadados, uma vez que as senhas não são numeradas e o valor pode não entrar nos cofres de quem gere o mercado. "Não sabemos para onde vai esse dinheiro. O mercado continua desorganizado e os acessos estão cada vez piores. Se ao menos usassem esse valor para melhorar as vias internas, já seria um alívio", comenta Rosa Pedro, cliente do mercado. A equipa de reportagem do Expansão procurou obter mais informações junto da direcção do Mercado do 30, que se recusou a prestar declarações sobre a medida, limitando-se a informar que "a cobrança está em vigor e será mantida". A ausência de uma explicação oficial tem alimentado ainda mais a insatisfação dos utentes, que exigem transparência na gestão dos recursos e melhorias urgentes nas condições de funcionamento do espaço.

Problemas estruturais persistem

O Mercado do 30, localizado no município do Sequele, é um dos maiores pólos de comércio informal da província do Icolo e Bengo, movimentando diariamente milhares de pessoas e toneladas de mercadorias. Estima-se que mais de 6 mil vendedores operem no local, que também serve como ponto de distribuição para outras regiões da província de Luanda.

Apesar da sua importância económica, o mercado enfrenta problemas estruturais antigos, como a falta de saneamento básico, congestionamentos frequentes e insegurança.

A cobrança da nova taxa, sem contrapartidas visíveis, é vista por muitos como um agravamento das dificuldades enfrentadas por quem depende do espaço para trabalhar ou abastecer-se. Enquanto alguns comerciantes compreendem a necessidade de gerar receitas para a manutenção do espaço, a maioria dos entrevistados considera que a medida foi implementada de forma unilateral, sem consulta prévia aos principais interessados.

Leia o artigo integral na edição 852 do Expansão, sexta-feira, dia 14 de Novembro, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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