Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Logo WeekendLifestyle

"Creio que precisamos ter uma diáspora mais participativa"

ADEBAYO VUNGE - JORNALISTA, CONSULTOR E ESCRITOR

Com saudades das redacções, procura manter o fervilhar da veia jornalística nos artigos de opinião, que resulta no seu quarto livro, publicado esta semana. Depois dos 50 anos de Independência, o também consultor destaca que o País está numa fase decisiva, onde podemos ter uma Angola bem- -sucedida ou falhada, tendo como maior desafio a inversão da economia.

Já há alguns anos que escreve artigos de opinião no Jornal de Angola. Porque decidiu compilar em livro esses textos?

Foi a sugestão de alguns amigos. Primeiro, tenho muitas ideias e muitos textos dispersos ao longo destes últimos 12 anos. Comecei a colaborar com o Jornal da Angola de forma efectiva em 2012, a convite do antigo director, José Ribeiro. Creio que foi na altura das eleições que tudo começou e depois o vínculo manteve-se. E, segundo, tentar criar aqui uma arrumação, porque tenho escrito de forma livre sobre várias áreas, e a ideia era sistematizar, daí que no livro haja uma arrumação por capítulos.

Há algum tempo que está fora das redacções. Escrever artigos de opinião é a forma que encontrou para manter acesa a chama jornalística?

É mesmo. É, no fundo, a minha escapatória para continuar ligado ao jornalismo. A minha vida profissional acabou por levar-me mais para uma abordagem de consultor e g e st or, m a s, d e q u a l q u e r modo, ainda assim mantenho aqui esse vínculo. E também, acredito que seja uma manifestação de cidadania. Sente saudades de estar numa redacção? Sinto. E, às vezes, até gozo com os colegas que continuam na profissão. Porque sou, felizmente, um leitor activo, no sentido em que, às vezes, coisas que vejo mal editadas, alguma coisa que me chama muita atenção, ligo para algumas pessoas ligadas às diferentes redacções, isso acontece na rádio, acontece com a televisão e acontece também com os jornais. E acho que tenho alguma facilidade de contacto com os colegas, e vou sentindo, mesmo que à distância, o pulsar das redacções.

Já trabalhou em órgãos de comunicação pública e privada. Como analisa o contexto actual da nossa imprensa?

Complexo e desafiante. Numa dinâmica também muito associada ao nosso contexto político, por um lado, e económico, por outro. Embora seja uma tendência mundial, mas o facto de termos hoje menos jornais em circulação é algo que preocupa. Depois temos uma prevalência muito grande das redes sociais. É a dinâmica dos tempos. Depois podemos olhar um bocado também para a questão dos conteúdos, e aí surgem muitas observações e muitos comentários. Mas creio que no contexto actual, respeito e valorizo o trabalho de todos os jornalistas. Creio que, vou chamar assim, os colegas fazem aquilo que, efectivamente, o contexto lhes permite, embora reconheça que podiam fazer um bocado mais.

Acha que há muita subjectividade no nosso jornalismo?

Há muita subjectividade, o que é mau. A subjectividade já é inerente à nossa condição de pessoas. Nós temos valores, ideologias, princípios, crenças que acabam por, de alguma forma, influenciar voluntariamente e, em alguns casos, de forma involuntária, no trabalho da nossa informação e da nossa relação com o público e com os poderes. Mas há a necessidade de tentarmos, tanto quanto possível, sermos objectivos, sermos rigorosos, sermos equidistantes. Ter muito cuidado com as adjectivações e, para lá disso, abraçarmos aquilo que me parece ser um aspecto importante, o pluralismo. Abraçarmos o pluralismo de ideias que, muitas vezes, é olhado só na componente política. Mas não, acho que nós temos várias forças e dinâmicas sociais, económi- cas, religiosas que precisam de espaço, que precisam de ser ouvidas, que precisam ser discutidos, que precisam ser analisados e percebidos por todos. E não termos o que chamo de um mainstream dominado por algumas forças, por alguns grupos. É preciso que a Media consiga reflectir a realidade multicultural, a realidade em várias dimensões. Não pode ser a realidade de apenas de um grupo. Tem que corresponder à realidade dos vários grupos que correspondem, digamos, à nossa sociologia política, económica e cultural.

Leia o artigo integral na edição 852 do Expansão, sexta-feira, dia 14 de Novembro, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo