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Angola

Preços no mercado informal em queda há 5 meses, caem 11% desde Dezembro

EM MAIO

A redução dos preços no mercado informal é justificada pelo aumento da oferta de produtos no mercado, já que se tratam maioritariamente de produtos provenientes do campo. Já do lado dos supermercados, a tendência de subida dos preços mantém-se em Maio.

Os preços de alguns dos produtos alimentares mais consumidos pelas famílias angolanas e comprados nos mercados informais estão em queda há cinco meses, caindo 11% face a Dezembro do ano passado, segundo a comparação dos preços de bens alimentares seleccionados pelo Expansão nas principais praças e hipermercados da capital do País. Já nos mercados formais, os preços aumentaram 4%.

Estes cabazes consistem em 18 produtos, cujos preços foram recolhidos nos mercados informais do Catinton e Asa branca, e em 11 produtos nos hipermercados Kero, Candando e Maxi (ver tabelas).

A redução dos preços no mercado informal entre Dezembro e Maio é justificada, segundo e economista Hermenegildo Quexigina, pelo aumento da oferta de produtos no mercado já que se tratam maioritariamente de produtos provenientes do campo, bem como pela fixação da taxa de câmbio que se verifica, o que reduz a pressão sobre a importação.

Entre os preços que mais caíram destaque para o saco de 25 quilos Uncle Sam, que custaram no final de Maio menos 7.400 Kz face a Dezembro de 2024, e a caixa de óleo Fula, cujos preços encolheram 5.500 Kz. Destaque também para o feijão manteiga, cuja "lata" custa actualmente, em média, 1.425 Kz, menos 575 Kz do que em Dezembro. Contas feitas, o cabaz de produtos seleccionados pelo Expansão no mercado informal viu o preço cair 15.025 Kz (-11%) face a Dezembro de 2024 e 7.700 Kz (-6%) face a Maio do ano passado.

Ainda assim, apesar das reduções verificadas nos preços no mercado informal, as famílias continuam a apontar para um cenário de grandes dificuldades na aquisição dos bens de consumo. Durante a ronda do Expansão, por exemplo, vários consumidores ouvidos alegaram observar subidas nos preços e dificuldades para adquirir os bens alimentares, considerando que os preços se mantêm altos e até mesmo fora do seu alcance no caso de alguns produtos, como carne ou leite. O que significa que a realidade não está a "bater" com a expectativa dos consumidores.

A professora do ensino primário, Joice Costa, por exemplo, explicou que após a quadra festiva (quando normalmente se verificam subidas dos preços) já no início de Fevereiro notou uma redução dos preços que se estendeu até Abril. "Mas em Maio o preço de alguns alimentos subiram um pouquinho, como o feijão e a coxa de frango. O que baixou, se baixou, não se sente a diferença, é uma redução de 100, 500 ou 1.000 kz". A dona de casa disse ainda que a renda mensal continua a ser insuficiente para atender as necessidades alimentares da sua família. "Se o salário não é suficiente para alimentação, imagina quando colocamos a renda de casa, o transporte, e outras despesas. A gestão é bem complicada e às vezes temos de sacrificar uma necessidade para conseguir atender outra", lamenta.

Já Lucinda M., que comprava tomate e cebola no mercado do Catinton para vender à porta de casa, faz logo referência ao passado reclamando sobre a perda do poder de compra ao longo do tempo. A dona de casa que vive com o marido, que é alfaiate, e quatro filhos, considera lamentável a situação do País e o peso que recai sobre as famílias. "A cada ano que passa, tudo fica pior. Não é só a comida, a propina na escola sobe, o táxi sobe, até o autocarro também subiu", sublinha.

Questionada se verifica alguma redução nos preços dos bens alimentares, afirma que não e que pelo contrário as dificuldades só aumentam. "As compras do mês que faço, já não são do mês porque duram apenas duas semanas e a arca fica vazia. O resto do mês é mesmo fazer ginástica para ter alguma coisa na mesa", lamenta.

Formal sempre a subir

Já do lado dos supermercados, que vivem maioritariamente de produtos importados, a tendência de subida dos preços mantém-se em Maio, quando comparado a Dezembro, isto apesar da aparente estabilidade da moeda nacional face ao dólar, que já dura há mais de cinco meses. Nalguns casos, pode falar-se em especulação comercial, com preços desajustados da realidade, tendo em atenção que o custo de aquisição nos mercados internacionais se mantém estável. O que pode estar a pressionar os preços é mesmo o acesso a moeda estrangeira, que hoje é inferior àquela que estava disponível, por exemplo, no ano passado. Em 2024, a banca teve acesso a uma média mensal de 901,4 milhões USD e, nos primeiros quatro meses do ano, apenas conseguiu garantir uma média mensal de 775 milhões USD, segundo avançou recentemente o governador do BNA, Manuel Tiago Dias. Assim, as dificuldades no acesso a divisas também podem estar a pressionar os preços dos bens de consumo importados para cima, até porque pode estar a reduzir a importação.

Leia o artigo integral na edição 831 do Expansão, de Sexta-feira, dia 20 de Junho de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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