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Angola

Produtos agrícolas, animais, alimentos e veículos foram os que mais subiram em um ano

PREÇOS DOS BENS IMPORTADOS

O comportamento do IPEI revela também a sensibilidade da economia nacional às flutuações do mercado externo e à instabilidade cambial, especialmente num contexto de desvalorização do Kwanza.

Os produtos agrícolas e animais vivos, plásticos e borrachas, veículos e outros meios de transportes, bem como os produtos alimentares, foram os bens que mais subiram em termos homólogos em Dezembro do ano passado, indica dados do Índice de Preços dos Bens de Exportação e de Importação (IPEI), relativos a Dezembro de 2024, divulgados esta semana pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Este é um sinal da tendência crescente dos preços dos diferentes produtos nos últimos anos, o que especialistas atribuem à inflação verificada lá fora nos últimos dois anos, mas também a questões cambiais que vêm corroendo o poder de compra da moeda nacional.

As maiores variações homólogas foram registadas nos produtos agrícolas e animais vivos com uma subida dos preços na ordem dos 61,0%, seguindo-se os plásticos e borrachas com 57,7%, e os veículos e outros meios de transporte, com 48,7%. Os produtos alimentares contribuíram com 33,1% para a variação homóloga do índice, bem como as máquinas e aparelhos com 27,0%. Em termos globais, o índice de subida dos preços em mercadorias de importação situou-se em 20,8%.

Já em termos mensais, os preços dos bens importados registaram um aumento de 0,7%, face ao valor registado no mês anterior. Os grupos de produtos com maior aumento de preços na importação no mês de Dezembro em relação ao período homólogo foram os produtos químicos, com 10,4%, produtos alimentares com 3,5%, outros produtos com 2,3% e produtos agrícolas e animais vivos com 1,8% entre os principais.

Para o economista Agostinho Mateus, são várias as consequências deste aumento homólogo dos preços. Em primeiro lugar, evidencia pressões inflacionárias em sectores essenciais para o consumo das famílias e o funcionamento das empresas em Angola. Esta subida de preços, como observa, reflecte a elevada dependência do País em relação à importação desses bens, particularmente no sector alimentar, automotivo e de matérias-primas para a indústria.

Em segundo lugar, o também investigador do Centro de Investigação Económica da Universidade Lusíada de Angola (CINVESTEC) observa que este aumento revela as limitações estruturais da economia nacional em relação às debilidades da cadeia de abastecimento interno, com infraestruturas logísticas ainda deficientes, o que agrava a escassez e amplia os custos. Em terceiro lugar, este contexto tem efeitos negativos sobre o poder de compra das famílias e sobre os custos de produção das empresas, reduzindo a competitividade interna e pressionando os preços ao consumidor final.

Já o economista Gaspar João entende que existe uma pressão inflacionária que afecta os custos de produção local, e que se reflecte no aumento do preço do produto final. Um outro factor importante a ser considerado é a recente subida do preço do gasóleo, uma vez que, no País, grande parte dos bens derivados dos campos agrícolas é transportado por viaturas a diesel.

Paralelamente a isso, de acordo com o docente, a produção nacional é dependente da importação de insumos, afectada desvalorização da moeda nacional face ao dólar (39,2% em 2023 e 9,1% em 2024). Em termos económicos, diz, estamos a assistir a uma contínua redução do poder de compra dos consumidores, com impacto directo na qualidade de vida das famílias.

Em relação às viaturas, Gaspar João nota que o aumento do nível de preços pode estar relacionado com uma combinação de factores conjunturais e estruturais, nomeadamente a alta de inflação e a desvalorização cambial, aliados a um aumento dos fretes internacionais, bem como a uma pressão geopolítica que se tem verificando no comércio internacional.

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