O Executivo autorizou a privatização dos 30% da participação que o Estado tem na Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA), por concurso público limitado por prévia qualificação, lê-se num decreto publicado no início desta semana.

Segundo apurou o Expansão, a privatização deverá ser feita em duas fases, sendo que os 30% serão alienados na primeira e terá como destinatários somente os 27 membros da BODIVA. Bancos e correctoras que poderão candidatar-se ao concurso público limitado por prévia qualificação. O Expansão apurou junto do Instituto de Gestão de Activos e participações do Estado (IGAPE) que o Decreto apenas se refere à primeira fase da privatização da BODIVA já que a percentagem de acções que o Estado vai vender na segunda fase, via oferta pública inicial, apenas poderá ser determinado por outro decreto presidencial e após as eleições gerais de Agosto, caso o Executivo decida continuar com o PROPRIV.

O Expansão sabe que a estratégia do representante do accionista, o IGAPE, sempre foi avançar com a oferta pública inicial da BODIVA apenas depois de ter várias empresas cotadas em bolsa, por se entender que tal medida irá aumentar o valor de cada acção da instituição financeira tutelada pelo Ministério das Finanças e, consequentemente, resultará num aumento do valor que o acionista Estado poderia encaixar com a venda deste activo.

"O Plano inicial era ter a BODIVA como a última empresa a ser privatizada via bolsa e, no final do Programa de Privatizações, mas como o programa termina agora em 2022 decidiu-se avançar para a privatização via concurso público e só se fazer a IPO depois de ter empresas cotadas", explicou Augusto Kalikemala, administrador do IGAPE com o pelouro das privatizações.

Sobre o que vai acontecer com as empresas do PROPRIV que não serão privatizadas até ao fim do programa, o IGAPE esclarece que em princípio poderão ou não ser privatizadas caso o Estado assim o entenda.

O Estado é o único acionista da BODIVA. O Programa de Privatizações previa inicialmente privatizar 195 activos e participações do Estado, mas até ao momento foram privatizados apenas 73 activos e estão em curso 60 processos com o destaque para a IPO do BAI, Caixa Angola, Sonangalp, Multitel e outros por concurso público.

No âmbito do programa que visa diminuir o papel do Estado na economia foi contratualizada a venda de 73 activos e empresas por 850,17 mil milhões Kz.