Azuis e brancos, táxi por aplicativo e mototáxi também são alternativas de investimentos
Apesar dos constrangimentos que o mercado apresenta, como o péssimo estado das estradas, acidentes, atropelamentos, criminalidade e outros, investidores deste segmento afirmam que o sector tem muita procura e é lucrativo.
Na falta de alternativa para aplicação de poupança ou de investimento em activos financeiros, muitas famílias estão a recorrer ao sector dos transportes, onde apesar dos riscos elevados, os investidores conseguem obter altas taxas de rentabilidade num mercado considerado informal. Os táxis colectivos de passageiros vulgo "azuis e brancos", os táxis por aplicativo e as mototáxis já são vistos como alternativas de investimentos, com rentabilidades aceitáveis pelos seus investidores. Ainda assim, o sector apresenta um elevado risco pela informalidade do serviço e pelas condições que o País apresenta.
Apesar de ser uma das alternativas para algumas famílias angolanas, o azuis e brancos registaram uma queda quando comparado com período pré-pandemia da Covid-19, uma vez que oferta caiu cerca de 40% quando comparado com os 500 mil táxis registados até 2020, de acordo com o presidente da Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA), Francisco Paciência. "Só para dar nota que em 2015 tínhamos um rendimento de até 460 USD (equivalentes a 50 mil kwanzas por dia), por dia e hoje temos um rendimento bruto de 70 mil kwanzas (quase 70 USD). Não há grandes rendimentos como anteriormente, mas as pessoas conseguem sobreviver", referiu.
É importante dar nota que, de lá para cá, os preços continuaram a subir e a taxa de câmbio está em máximos históricos, o que corrói o poder de compra dos investidores. Actualmente, um veículo novo Toyota Hiace, geralmente utilizado para o serviço de transporte colectivo, tem um preço que varia entre 25 milhões e 30 milhões Kz, onde os taxistas conseguem fazer em média 600 mil Kz por mês. Contas feitas, para recuperar o investimento levaria quase 4 anos. Ainda assim, o mercado é também abastecido por carros em segunda-mão, o que segundo alguns taxistas podem custar entre 8 milhões e 25 milhões Kz, dependo das condições da viatura. O que pode proporcionar maior rentabilidade, tem a ver com os cuidados a ter com a viatura e o seu prazo de circulação, lembrando que a procura que ainda é enorme no País.
Se os azuis e brancos registaram uma redução, os táxis por aplicativos disparam. Hoje, apesar de algumas empresas de táxis por aplicativos terem os seus próprios meios, muitas famílias preferem também comprar carros pequenos, e ou até usam seus carros pessoais, para investir neste segmento de mercado. O serviço de táxi por aplicativo, que nos dias de hoje faz aproximadamente 300 mil corridas por semana (mais 15 milhões de corridas/ano) tem aberto vários debates a nível da sua segurança, por causa da fragilidade de cadastro e controlo dos motoristas nas plataformas. Ainda assim, há cada vez mais pessoas a investirem neste serviço.
Outro serviço que também tem estado a crescer no País, e particularmente na cidade de Luanda pela sua densidade populacional, e que tem sido alternativa de investimento, é o mototáxi. Actualmente os preços das motorizadas de duas rodas variam entre 600 mil a 780 mil Kz, o que segundo o presidente da presidente da Associação dos moto-taxistas de Angola (AMOTRANG), Bento Rafael, os investidores recuperam os seus investimentos em 8 meses e vão criando frotas de motorizadas. Já que as motorizadas de duas rodas entregam em média 15 mil Kz por semana e as de três rodas, vulgo kupapata entregam 20 mil kz/dia aos donos dos transportes.
"O negócio é muito rentável e muito procurado. Se der uma volta, sobretudo, na periferia de Luanda, poderá notar que milhares de pessoas são transportadas diariamente pelos mototaxistas para vários lados da capital, tanto para os locais de trabalho, encontros e para suas residências", disse.
"Posso lhe garantir que existem hoje dezenas de empresários bem sucedidos que estão envolvidos no serviço de mototaxistas, porque rende. Já indivíduos que têm mais de 100 motorizadas a circular no mercado", revelou. De acordo com Bento Rafael estão em circulação no País mais de 800 mil motos com serviços de mototáxis controlados pela associação, e o número pode chegar a ultrapassar os um milhão de motos a fazerem este serviço.