Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Economia

Kwanza "estacionado" face ao dólar mas afunda 13% em relação ao euro

EURO ATINGE VALOR MAIS ALTO DE SEMPRE EM RELAÇÃO À MOEDA NACIONAL

Apreciação do euro face ao dólar empurrou a moeda europeia para o valor mais alto de sempre em relação ao kwanza, ao atingir os 1.080 Kz no final do primeiro semestre. Quanto ao dólar, o kwanza mantém-se estático há seis meses, mesmo que a banca comercial tenha menos acesso a divisas. Verão na Europa aumenta procura de divisas e transferências bancárias para lá já começam a atrasar.

A taxa de câmbio do kwanza face ao dólar está estagnada na casa dos 912 Kz por USD desde Dezembro do ano passado, mas face ao euro já depreciou 13% só no primeiro semestre do ano, segundo cálculos do Expansão com base nas taxas médias de câmbio do Banco Nacional de Angola (BNA). Esta variação resulta da desvalorização da moeda-norte americana face ao euro nos mercados internacionais.

A nota de um euro passou de 940 Kz, a 01 de Janeiro, para 1.080 Kz no último dia do Junho, o que justifica a queda de 13% nos primeiros seis meses do ano. Esta cotação do euro face do kwanza é também a mais alta desde que há registo.

O movimento do euro no mercado angolano, deve-se, sobretudo, aos últimos acontecimentos relacionados com a política económica norte-americana e os seus efeitos globais, o que colocaram o euro a valorizar-se face à moeda nacional, uma vez que a taxa de câmbio da moeda europeia em Angola é definida pela sua relação com o dólar.

Nos mercados lá fora, a moeda única da zona euro ainda não registou, em 2025, um único mês de saldo negativo face ao dólar e já apreciou 13,4% face "à verdinha dos EUA" no primeiro semestre, praticamente o mesmo efeito sobre o kwanza. Ao apreciar-se durante seis meses consecutivos face à nota verde, o euro estabeleceu assim a mais longa série de ganhos mensais desde 2017.

No caso de Angola, também é conhecida a correlação entre o valor do dólar no mercado oficial e a cotação do euro face ao kwanza: os movimentos de desvalorização da moeda norte-americana em relação à moeda europeia costumam ser acompanhados, internamente, pela valorização do euro face ao kwanza.

Já no que diz respeito à cotação do dólar face ao kwanza, a moeda nacional está estagnada há seis meses, desde que atingiu a barreira dos 912,0 Kz por dólar, já que desde o início de Dezembro do ano passado apreciou apenas 0,03% face à moeda norte-americana, ao passar de 912,3 Kz para os actuais 912,0 Kz.

Segundo especialistas, este cenário mostra, claramente, que há intervenções do BNA no mercado cambial, reavivando uma espécie de regime de câmbio fixo, já que num mercado livre esta estagnação da taxa de câmbio não é vista como normal no mercado cambial. Mesmo que o ao longo dos meses o governador do BNA tenha sublinhado que o banco central não tem interferido nesta questão, várias fontes da banca contradizem dizendo que o supervisor bancário "tem uma mão invisível" que acaba por pressionar os bancos a não fazerem ofertas que considera "especulativas", o que tem impedido a depreciação da moeda nacional.

É por isso que o FMI refere que Angola não tem um sistema de câmbio livre, mas sim um de crawling peg ( jargão financeiro para um regime cambial com ajustes controlados e graduais).

Transferências já estão a atrasar

Com o verão na Europa, a procura por divisas nos bancos comerciais tem estado a aumentar, já que muitas famílias aproveitam a época para passar férias no exterior e, com isso, as transferências também voltaram a atrasar.

Segundo apurou o Expansão, já há bancos comerciais em que as transferências de dinheiro para o exterior levam mais de um mês, por vezes dois meses. Mas isso depende de banco para banco e da relação que o cliente tem com a entidade bancária. "Fiz duas transferências num dos grandes bancos, no mês passado, e levaram entre 8 e 15 dias", disse um particular com viagem marcada para a Europa.

Como a banca nem sempre consegue atender a tempo as necessidades dos clientes, o mercado informal continua a ser alternativa para muitas famílias, já que apresenta disponibilidade imediata: ou dinheiro em mão ou transferência para uma conta bancária lá fora. Esta quarta-feira, enquanto uma nota de 100 euros estava a ser comercializada a uma média de 111.680 Kz na banca comercial (onde raramente se consegue comprar nota física), enquanto nas kinguilas estava a ser vendida a 127.000 Kz, mais 15.320 Kz.

Leia o artigo integral na edição 833 do Expansão, de Sexta-feira, dia 04 de Julho de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo