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África do Sul concentra 69% das vendas de seguros no continente africano

ESTUDO DA AIO E ATLAS INSURANCE

Em 2024, as seguradoras sul-africanas emitiram 38.430 milhões USD em prémios do ramo Vida e 12.001 milhões USD no ramo Não Vida, um total de 50.431 milhões USD que significam 68,7% de todos os prémios vendidos em África. Em Angola as vendas foram de apenas 524 milhões USD, 97 vezes menos.

O volume de negócios do mercado segurador africano atingiu 73.419 milhões USD em 2024, de acordo com cálculos do Expansão com base no relatório da African Insurance Organisation (AIO) e da Atlas Magazine Insurance. A África do Sul domina de forma esmagadora o sector, com 70% do total de prémios emitidos no continente - um reflexo da dimensão e maturidade do seu mercado financeiro.

Em 2024, as seguradoras sul- -africanas emitiram 38.430 milhões USD em prémios do ramo Vida e 12.001 milhões USD no ramo Não Vida, um total de 50.431 milhões USD que significam 68,7% de todos os prémios vendidos em África. Esta performance confirma a posição da África do Sul como o verdadeiro motor do seguro em África, com um mercado altamente estruturado, diversificado e sustentado por décadas de cultura financeira e planeamento familiar.

Predomínio do seguro de vida

O seguro de vida continua a ser o pilar do mercado sul-africano, impulsionado pela popularidade de produtos de investimento e poupança. A Atlas Insurance sublinha que o país beneficia de uma supervisão regulatória de "picos gémeos", modelo que separa a fiscalização prudencial e de conduta de mercado, reforçando a confiança dos consumidores. Isto justifica-se porque existe no país um mercado de capitais muito activo e uma cultura de poupança muito forte.

Para o especialista em seguros Paulo Bracons, "não é correcto comparar o sector segurador da África do Sul com o de Angola", mas é possível retirar lições do modelo sul-africano. "A África do Sul tem uma economia diversificada, relativamente formal e com um sistema financeiro robusto. Existe um ecossistema integrado entre bancos, corretoras, fundos e seguradoras, que cria naturalmente uma forte procura por produtos de protecção e investimento", explica.

O especialista destaca ainda a cultura financeira como elemento central. "O seguro de vida e o seguro de funeral fazem parte dos hábitos culturais - quase obrigatórios - das famílias. A classe média tem poder de compra e capacidade de poupança, o que sustenta a expansão dos ramos Vida, Saúde e Poupança/Investimento."

Bracons defende que "os restantes países africanos, em particular Angola, devem apostar no desenvolvimento dos canais de distribuição", sublinhando que a África do Sul possui uma rede de agentes capilar, uma elevada taxa de bancarização e digitalização, além de um ecossistema bancassurance maduro e crescente uso de plataformas móveis para subscrição de seguros.

Marrocos e Quénia seguem à distância

Depois da África do Sul, surgem Marrocos, com prémios brutos de 5,9 mil milhões USD, e Quénia, com 3 mil milhões USD. Seguem- -se Argélia (1,2 mil milhões USD), Nigéria (1,1 mil milhões USD) e Costa do Marfim (1,1 mil milhões USD). Já países como Zimbábué, Senegal, Uganda, Gana, Camarões e Burkina Faso registam volumes abaixo de 200 milhões USD, reflexo da reduzida penetração e das dificuldades de distribuição.

Nos mercados francófonos, o sector revela maior estabilidade e maturidade, sustentado por uma cultura de poupança consolidada e por estruturas regulatórias herdadas de modelos europeus, nomeadamente franceses.

Taxa de penetração revela disparidades

A África do Sul lidera também em taxa de penetração, com 11,54% do PIB, muito à frente da Namíbia (7,41%), Maurícias (4,97%), Marrocos (4,10%), Botsuana (2,46%), Tunísia (2,28%) e Quénia (2,25%). Em contraste, Angola mantém-se estagnada há quatro anos com apenas 0,60%, um dos níveis mais baixos do continente. A Nigéria, apesar de ser o país mais populoso de África, com cerca de 237 milhões de habitantes, apresenta uma taxa de apenas 0,2% do PIB - ilustrando o fosso entre o potencial demográfico e a fraca inclusão financeira

Leia o artigo integral na edição 850 do Expansão, sexta-feira, dia 31 de Outubro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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