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Prejuízos do BPC disparam e lucros da banca caem 11% para 373 mil milhões Kz em 2022

RESULTADO LÍQUIDO AGREGADO DOS 20 BANCOS QUE DIVULGARAM AS CONTAS

O gigante público voltou a empurrar os lucros da banca para baixo. Mas mesmo sem as contas do BPC, o conjunto de 19 bancos viu os lucros recuar 1,3% para 493,3 mil milhões Kz. O BAI continua a ser o maior banco em activos, enquanto o BFA se mantém como o campeão dos lucros. Já o BIC mantém a liderança no crédito.

Os lucros dos 20 bancos que apresentaram relatórios e contas de 2022 até esta terça-feira caíram 11%, passando de 416,4 mil milhões Kz em 2021 para 372,9 mil milhões Kz no ano passado, segundo cálculos do Expansão com base nas contas divulgadas pelas instituições bancárias.

Os números foram fortemente influenciados pelos prejuízos do Banco de Poupança e Crédito (BPC) que viu os seus resultados líquidos afundarem para mais de 120 mil milhões Kz em 2022, depois de em 2021 ter reduzido os prejuízos para 83, 2 mil milhões Kz. O gigante público tem apresentado os maiores prejuízos, levando para baixo os resultados da banca nacional.

Assim, sem contabilizar as contas do BPC, o conjunto de bancos registou lucros de 493,3 mil milhões Kz, menos 6,4 mil milhões que em 2021. Ao todo, 18 bancos registaram lucros e dois contabilizaram prejuízos (BPC e BCI). Dos 23 bancos autorizados a operar no mercado nacional, três estão de fora destas contas, nomeadamente, o Económico, VTB África e o BNI, que até esta terça-feira, ainda não tinham publicado os relatórios e contas nem as demonstrações financeiras do exercício económico de 2022 nas suas páginas da internet, contrariando assim a regulamentação do Banco Nacional de Angola (BNA).

Ajustamento das imparidades e queda das margens financeiras

Entretanto, esta queda dos lucros deve-se, segundo especialistas, ao facto de 2021 ter sido um ano atípico na banca, já que a maior parte dos bancos procedeu a operações de reversão de imparidades inscritas em 2020, quando as maiores agências de notação financeira desceram o rating da República, no auge da Covid-19. Uma vez que a banca angolana tem uma elevada exposição à dívida pública e o facto de as agências terem baixado o rating de Angola em 2020 traduziu-se automaticamente num aumento da probabilidade de perdas nestes activos, o que obrigou os bancos a registarem imparidades, baixando resultados.

Com a melhoria do rating em 2021 e consequente, reversão de perdas por imparidade, associada a outras questões como a valorização do Kwanza face ao dólar, e a melhoria dos resultados do BPC que, embora tenham sido negativos, apresentaram uma evolução positiva, os lucros da banca voltaram a crescer naquele ano. Assim sendo, como 2021 é considerado um ano atípico que potenciou lucros elevados à banca, era já expectável que os resultados líquidos encolhessem em 2022, ainda que ligeiramente.

"O resultado obtido pela banca em 2022 deve-se, por um lado, aos ajustamentos das imparidades e da queda das margens financeiras induzidas pela redução da rentabilidade dos títulos, quer pela apreciação cambial e pela redução das taxas de juro dos títulos públicos", afirmou o economista Wilson Chimoco ao Expansão.

Entretanto, para Wilson Chimoco, com o actual quadro regulamentar e estágio de desenvolvimento da economia, não se pode exigir mais dos bancos, mas é importante que os mesmos se preparem para uma conjuntura económica de menos rentabilidade do seu balanço (maior estabilidade dos preços e câmbio). E aí, os bancos serão obrigados a expor-se mais à economia real e a propor soluções mais arrojadas para manter o actual nível de rentabilidade.

Destaque também para o Keve, que passou de prejuízos de 20,4 mil milhões Kz em 2021 para lucros de 26,5 mil milhões Kz em 2022.

BAI, BFA e BIC mantêm liderança

Em 2022 o ranking dos maiores da banca não mudou. O BFA reforçou a liderança dos bancos com mais lucros, embora tenha registado uma queda de 10% para 140,6 mil milhões Kz. O BAI mantém-se na segunda posição seguido pelo Standard Bank que ocupa a terceira posição, já que ambos viram os seus lucros caírem 29% e 13%, respectivamente.

A nível do crédito, os 20 bancos fecharam as contas com um total de 3,4 biliões Kz de crédito concedido a clientes, um crescimento de 17% face ao total registado em 2021. O stock de crédito do BIC era de 603,3 mil milhões Kz, registando um aumento de 3% face ao período homólogo, cimentando assim o título de maior credor a nível da banca nacional. Segue-se o ATLANTICO e o BFA, na segunda e terceira posições, respetivamente.

(Leia o artigo integral na edição 726 do Expansão, desta sexta-feira, dia 26 de Maio de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)