"O contexto económico actual tende a inibir o investimento indiano em Angola"
A situação económica que passou o País nos últimos anos é vista como um entrave à entrada de investidores no País, devido ao ambiente de negócios desfavorável. O presidente da Câmara de Comércio e Indústria da Índia, Caetano Capitão, diz que este facto tem inibido o investimento indiano.
Recentemente o Presidente João Lourenço esteve na Índia para uma visita oficial, na qual foram firmados vários acordos. Como é que esta visita se vai traduzir no fortalecimento do empresariado dos dois países?
Primeiro, importa dizer que esta visita foi de grande importância para os dois países, considerando as relações diplomáticas que existem já há quase 40 anos. Depois de 30 anos de ter acontecido a última visita de um presidente angolano à Índia. Isto demonstra um sinal bastante substancial no reforço das relações político-diplomáticas, e também económicas, entre os dois países. É também um sinal para reforçar a confiança, o interesse, a boa relação que existe e, naturalmente, o empresariado sente-se mais reconfortado porque esta visita confirmou a abertura do governo angolano em acolher o investimento indiano em Angola.
Quais as áreas para onde serão destinados os investimentos indianos em Angola?
As conversações foram consolidadas entre os dois governos no âmbito do reforço do sector da agricultura, farmacêutico, saúde, entre outros. Outras abordagens muito mais específicas a nível sectorial foram desenvolvidas para que nos próximos tempos se venha a encontrar a devida consolidação, como por exemplo a abertura de uma linha de crédito de 200 milhões USD para apoiar o sector da defesa em Angola. Isso é uma garantia de que existem vários interesses onde Angola vê a Índia como um parceiro com o qual deve andar junto.
E em relação, por exemplo, às energias renováveis?
Foi assinado um importante acordo sobre a adesão de Angola à Aliança Solar Internacional (ISA), uma organização intergovernamental que promove a utilização da energia solar em países com elevada incidência fotovoltaica. A parceria permitirá ao País aderir à organização, que tem como objectivo aumentar a implantação de tecnologias de energia solar como forma de melhorar o acesso e a segurança energética em todo o mundo. E o empresariado dos dois países está atento a esta cooperação e isto demonstra a vontade de que o Angola está a interagir de forma bilateral com a Índia em vá rios domínios. Foi uma garantia de que existem vários interesses onde Angola vê a Índia como um parceiro com o qual deve contar, e prova foi a realização do fórum de negócios em Nova Deli.
Neste fórum surgiram intenções concretas de empresários indianos que querem investir em Angola?
No evento participaram cerca de 200 empresas indianas e surgiram várias intenções de investimento e de estabelecimento de parcerias em vários domínios, desde a agricultura, petróleo e gás, saúde, infraestruturas comércio, entre outros. Muitas empresas pretendem trazer ou aportar para Angola know how e soluções importantes nos mais variados domínios de interesse comum e com vantagens recíprocas.
E na componente financeira, o que houve de concreto?
Nesta vertente estiveram presentes alguns bancos indianos e agências financeiras que estão a olhar para Angola como um País de grandes oportunidades. Por exemplo, fomos contactados por uma entidade bancária com interesse em dialogar com os bancos angolanos para possíveis parcerias, pois trata-se de um país muito forte no sector financeiro. Os encontros empresariais abordaram também, com grande profundidade, projectos a nível do fornecimento de medicamentos, mas também a nível de serviços, principalmente ligados às tecnologias bastante avançadas, que podem dar resposta a vários desafios em Angola.
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