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África

Omicron é mais contagiosa mas traz uma forma mais leve da doença

Médicos e cientistas sul-africanos anunciam que nova variante provoca sintomas menos graves

Depois do tumulto inicial, e agora com mais dados, os médicos e cientistas da África do Sul anunciam que novos dados clínicos apontam para que a nova variante do coronavírus Omicron provoca sintomas mais ligeiros da doença ainda que seja de alta transmissibilidade - e é essa neste momento a ameaça a uma eventual sobrecarga dos hospitais

Médicos e cientistas sul-africanos estão mais optimista depois de conhecidos novos dados hospitalares que sugerem que a nova variante do coronavírus Omicron pode resultar em doenças menos graves do que as vagas anteriores em consequência de outras variantes, mas alertam que as taxas de transmissão são mais altas o que pode sobrecarregar os hospitais.

Os primeiros dados do Complexo Hospitalar Distrital Steve Biko e Tshwane, na capital da África do Sul, Pretória, que está no centro do surto, mostraram que no dia 2 de Dezembro, apenas nove dos 42 pacientes na enfermaria de Covid-19, todos eles não vacinados, precisavam de oxigénio. Os restantes pacientes com teste positivo estavam relativamente assintomáticos e com outro tipo de tratamento.

Fareed Abdullah, director do Conselho de Pesquisa Médica da África do Sul e infeciologista do Hospital Steve Biko, explicou aos jornalistas que nos últimos 18 meses sempre que entrava numa enfermeira o ruído das máquinas de oxigénio ou os bipes dos ventiladores se sobrepunham a qualquer outro ruído, mas que agora é diferente, a maioria dos pacientes com covid-19 respirar por si.

Estes novos dados podem vir a tranquilizar as autoridades de saúde globais, alarmadas com o rápido aumento de infecções na África do Sul.

Mas especialistas alertaram que o aumento acentuado de casos ligado à aparente capacidade da nova variante de escapar à proteção imunológica ou vacinas, ainda pode sobrecarregar os hospitais de forma semelhante à vaga da variante Delta do Verão passado.

Entretanto, a foco de preocupação da região da África Austral passou da África do Sul para o vizinho Zimbabué, onde as elevadas taxas de infecção está a sobrecarregar o sistema de saúde do país. Rashida Ferrand, directora de uma parceria de pesquisa entre uma unidade de saúde do Zimbabué e a Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, disse que as infecções no Zimbabué a aumentar de uma forma muito rápida, à semelhança do que aconteceu em Gauteng, mas que os sistemas de saúde do país estão muito aquém do seu vizinho rico, o que pode vir a ser um problema sérios para o país.

Na África do Sul, e no epicentro do nova variante, a província de Gauteng, o padrão da forma mais ligeira da infecção é em Pretória - 8% dos pacientes hospitalizados com covid estão a ser tratados em unidades de cuidados intensivos, no caso da variante Delta esse número foi de 23%, e 2% necessitam de ventiladores, 11% quando se tratou da variante Delta.

Ainda que o número de pacientes infectados com a Omicron esteja muito próximo do pico da vaga Delta, a verdade é que, comparado com a variante anterior, só um quarto dos pacientes é que tem necessidade de cuidados intensivos.

"Estou extremamente optimista", disse Shabir Madhi, professor de virologia da Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, que previu que embora houvesse um "grande número" de infecções e reinfecções, um número menor de casos é que iria requer tratamento hospitalar.

Anthony Fauci, o especialista norte-americano e conselheiro especial a Casa Branca, tinha já afirmado que os primeiros sinais sobre a gravidade da variante eram "encorajadores".

No entanto, Richar Lessells, médico infeciologista da Universidade de KwaZulu-Natal, em Durban, alerta para o facto da Omicron ser menos grave não tanto porque é uma variante menos violenta mas porque há uma maior imunidade da população em geral.

Jantjie Taljaard, infeciologista do Tygerberg Academic Hospital na Cidade do Cabo, adiantou que os hospitais da cidade se devem preparar para enfrentar a vaga Omicron equiparável à vaga Delta.

Na opinião de Taljaard, os dados do hospital de Gauteng "podem estar um pouco distorcidos" porque as infecções da nova variante estão a atingir sobretudo os mais jovens, que são naturalmente menos propensos a adoecerem de forma mais grave.