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Opinião

Jornalismo público

EDITORIAL

Devia promover-se um debate nacional, aberto e com a participação de todos, para definir o que deve ser a comunicação social pública, que dimensão deve ter e o que é verdadeiramente serviço público e quem deve controlar a linha editorial e a actividade dos meios de comunicação públicos. Não podemos deixar que isso fique sob a responsabilidade de um ministro e de um organismo que é eleito pelo poder político.

A questão dos gastos do dinheiro, que é de todos, num sector de comunicação social que é contestado pela maioria não pode ser indiferente. Se fizermos as contas em dólares, ao câmbio médio dos anos a que se referem, em média, o sector da comunicação social pública custou cerca 90 milhões de USD por ano ao erário público no último quinquénio. Ou seja, cada angolano contribui com cerca de 3 USD, que equivale, mais ou menos, a 3 mil Kz.

Se tivermos em linha de conta os dados avançados pelo presidente da AGT, que nos diz que existem cerca de 2.200 de contribuintes activos no País, eu que pago impostos, então a minha parte terá sido de 41 dólares, cerca de 40 mil Kz. Isto pôs-me a pensar. Será que o serviço que a comunicação social pública me presta ao longo de uma ano vale 40 mil Kz? E você, que nos está a ler e paga impostos, tem a mesma dúvida?

O que me espanta é que, apesar destes valores, os jornalistas referem que são muito mal pagos e convocaram uma greve que só não se realizou por intervenção do tribunal. As instalações da RNA, como disse o Presidente da República, estão muito mal e precisam de intervenção rápida, enquanto as delegações destes órgãos noutras províncias, na sua maioria, não são dignas. Afinal para onde vai o dinheiro?

E mais interessante é que, nos últimos anos, sem resolver estas questões, o Estado juntou mais projectos ao seu sector, lançou novos produtos para combater os meios privados que tentam sobreviver, e desde há algum tempo que cria condições, através das suas outras empresas, para que não exista mais nada além de órgãos públicos na área do jornalismo. Com a ajuda da ERCA, que não se manifesta sobre os problemas do sector público, atropelos graves à verdade e ao direito do contraditório, mas está sempre atenta ao que acontece nos órgãos privados.

Em resumo, devia promover-se um debate nacional, aberto e com a participação de todos, para definir o que deve ser a comunicação social pública, que dimensão deve ter e o que é verdadeiramente serviço público e quem deve controlar a linha editorial e a actividade dos meios de comunicação públicos. Não podemos deixar que isso fique sob a responsabilidade de um ministro e de um organismo que é eleito pelo poder político.

Pode não ser agora, já, mas um dia vamos discutir isto olhos nos olhos. Para bem da liberdade e da democracia. Eu mantenho a esperança e continuo à espera...

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