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Opinião

Angola progride 6 % no Índice das TICs, mas fica abaixo da média regional de África

CONVIDADO

De forma a melhorar a posição no IDI, Angola pode adoptar políticas estratégicas como a redução do Imposto Industrial aplicado às telecomunicações, incentivando investimentos em infraestrutura e serviços.

O ITU (Internacional Telecommunication Union) é uma agência especializada das Nações Unidas (ONU) responsável por coordenar e padronizar as actividades globais de telecomunicações e Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Na sua última publicação, o Índice de Desenvolvimento das TIC (IDI) 2025, uma das ferramentas mais importantes para monitorar o progresso digital global, avaliou o grau de conectividade, a infraestrutura digital e o acesso à tecnologia em diferentes países.

Esta edição de 2025 abrangeu os Estados membros da União Internacional das Telecomunicações e posicionou Angola no 143.º lugar, num universo de 164 países. A pontuação média global situou-se em 78 pontos (numa escala de 0 a 100), demonstrando o desafio que países em desenvolvimento ainda enfrentam para se aproximarem dos padrões internacionais. Repartindo os países, o relatório definiu quatro categorias, de acordo com a classificação económica:

High Income (ex.: Canadá, Portugal, Seichelles)

Upper-middle-Income (ex.: África do Sul, Namíbia, Botsuana)

Lower-middle-Income (ex.: Egito, Quénia, Angola)

Low-Income (ex.: Ruanda, Moçambique, Mali)

Na categoria em que Angola se encontra (Lower-middle-income), alguns indicadores registaram evolução significativa no período 2023-2025. O Coverage (Cobertura) aumentou em 17%, reflectindo a expansão das redes de telecomunicações, sobretudo móveis.

Outro indicador de destaque foi o Mobile-broadband affordability, que mede a acessibilidade da internet móvel de banda larga em relação ao rendimento da população, e que teve uma melhoria de 21%. Esse avanço mostra que, apesar de ainda persistirem desafios de preços, as políticas do governo e das operadoras caminham no sentido de garantir que a conectividade esteja mais alinhada com o Rendimento Nacional Bruto per capita.

Já o indicador Mobile Ownership (posse de telemóveis) apresentou evolução mais modesta, com apenas 4% de crescimento, revelando que a penetração de dispositivos móveis está próxima da saturação em determinados segmentos da população.

Apesar destes progressos, Angola alcançou 52,8 pontos, uma subida de aproximadamente 6% em relação a anos anteriores (2023 - 44,1 pontos; 2024 - 49,9 pontos). Ainda assim, o país continua abaixo da média regional africana de 56 pontos, ocupando a 19.ª posição no continente.

Esse resultado mostra que, embora Angola esteja a evoluir, há necessidade de acelerar reformas para se aproximar de países africanos que têm feito avanços expressivos, como Cabo Verde, que aposta em inclusão digital nas escolas, ou o Ruanda, que se tornou referência em governo eletrónico e serviços digitais públicos.

De forma a melhorar a posição no IDI, Angola pode adoptar políticas estratégicas como a redução do Imposto Industrial aplicado às telecomunicações, incentivando investimentos em infraestrutura e serviços. Além disso, medidas complementares como programas de literacia digital, apoio a startups tecnológicas, fortalecimento de parcerias público-privadas podem acelerar a transformação digital.

Tais iniciativas não só melhorariam os indicadores analisados pelo ITU, mas também reforçariam a competitividade do país, permitindo que Angola caminhe para um futuro mais conectado, inclusivo e alinhado às tendências globais de inovação.

*Eric Dario Martins, Engenheiro de Telecomunicações

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