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Opinião

Não acredito

EDITORIAL

Outra das variáveis que não se altera, apesar dos discursos dos governantes em sentido contrário, é do ambiente de negócios do País. Todos sabem disto, mas parece que também não tem solução.

A informalidade continua a ganhar terreno na economia do País, como explica o relatório do emprego do INE referente ao I trimestre do ano. Depois de milhões de dólares gastos em campanhas e acções de formalização, de centenas de horas de conversa dos diversos governantes sobre a questão, das imensas medidas que foram aprovadas com esta justificação e com as "juras" de que este era o combate mais importante para o desenvolvimento económico, está tudo na mesma, ou pior.

Não me peçam que acredite que é por acaso. Não peçam que acredite que os maiores operadores do País, decisores, instituições e afins, estão verdadeiramente empenhados na formalização da nossa actividade económica. Certamente que há variáveis que nós desconhecemos nesta vertente da economia, por onde circulam biliões de kwanzas sem controlo e sem pagamento de impostos. Até porque cada vez que me aproximei desta área, percebi que, tal como na área formal, existe uma organização cuidada, estratégica e com planeamento. Que obviamente também deve ter rostos, pessoas, entidades, que lucram com tudo isto.

Outra das variáveis que não se altera, apesar dos discursos bonitos dos governantes em sentido contrário, é do mau ambiente de negócios do País. Todos sabem disto, mas parece que também não tem solução. Isso implica que não entrem mais investidores no País, pelo menos aqueles que podiam dar maior seriedade aos projectos, e sempre que se anuncia novos empresários interessados em entrar no nosso mercado, lá surgem os problemas, as barreiras, as limitações, de uma forma que pode até pensar-se, que é feita de forma propositada.

Por isso, os grandes operadores económicos aqui instalados são os mesmo há muitos anos, habituados a um modus operandi que não conseguem noutras latitudes, e com lucros que não conseguiram ter em mais lado nenhum. São os mesmos grupos, os mesmos rostos, que estão aqui há mais de 10/15 anos, com as mesmas benesses e as mesmas ligações que tinham no período do ex-presidente. Em termos de grande dimensão, e em termos práticos, relativamente a 2017, saiu Isabel dos Santos e apareceu o grupo Carrinho. De resto, são os mesmos grupos empresariais de sempre.

Todos sabemos que seria importante que outros empresários de grande dimensão também investissem no País, para além de reduzir as linhas de financiamento oficiais país a país, que parece que também interessa manter, iria alimentar uma maior competitividade que traria ganhos para todos os cidadãos. Melhores projectos, mais produtivos, sem ter de oferecer pacotes de incentivos, isenções e privilégios, como se faz a esses grupos "tradicionais", alimentando a perigosa ideia que são únicos e insubstituíveis.

Também não me peçam que acredite que isto é por acaso. E que a manutenção deste ambiente de negócios não interessa a muitos dos que decidem...

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