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Opinião

A importância da gestão na nova actividade industrial

CONVIDADA

A gestão na nova actividade industrial requer coordenação de recursos e colaboração dentro e fora das fronteiras. A modernização não se resume a trocar equipamentos ou oferecer crédito, mas a alinhar políticas, competências e projectos capazes de transformar cada sector.

A actividade industrial está numa fase de grandes mudanças, influenciada pela Indústria 4.0 e pela chegada da Indústria 5.0. Há, por isso, um grande incentivo para o uso de tecnologias avançadas, para a formação de equipas cada vez mais qualificadas e para o crescimento da produtividade em diversas etapas de produção.

O objectivo é ampliar a competitividade no mercado interno, ao mesmo tempo que se reforça a capacidade de exportar bens e serviços. As metodologias que combinam análise de dados, automação e personalização fazem parte desta estratégia moderna, em linha com as expectativas de consumidores e dos investidores. Ao mesmo tempo, programas e projectos sectorizados contribuem para a inserção das empresas em cadeias produtivas com alcance internacional, o que torna as operações mais eficientes e sustentáveis.

Embora existam obstáculos que afectem o ritmo de implementação de novas tecnologias, é visível que a indústria avança num sentido cooperativo, integrando parcerias e adoptando modelos de negócio flexíveis.

No panorama africano, Angola destaca-se pela relevância económica na África Subsaariana e pela procura de soluções voltadas para a redução da dependência do sector petrolífero.

A aposta na modernização do parque industrial e na diversificação da economia vai promover o crescimento de infra-estruturas, a implementação de políticas públicas e maior estímulo ao empreendedorismo. A indústria global mostra cada vez mais sinais de transformação profunda, com a automação avançada, digitalização, e compromisso com a sustentabilidade, que influenciam cada vez mais as decisões estratégicas quer de grandes corporações, como de empresas mais pequenas. Por exemplo, a procura pela neutralidade de carbono resulta num investimento maior em soluções eléctricas e híbridas, como fizeram a Tesla e BMW.

Paralelamente, a pesquisa e desenvolvimento recebe atenção significativa em países como China, Alemanha e Estados Unidos, que, em conjunto, representam mais de 70% do total mundial aplicado no sector industrial em 2023.

Outra grande tendência é o fortalecimento de clusters tecnológicos, centrados em áreas como semicondutores e biotecnologia. Estas concentrações de conhecimento e recursos aceleram o processo de inovação, fomentam a criação de patentes e reforçam o poder de exportação dos países onde estão instalados.

Em África, o crescimento industrial ronda 23% do PIB em 2022, factor impulsionado pelas zonas económicas especiais, pela integração regional através da AfCFTA pelo investimento em áreas como energia e transporte.

Mesmo assim, para uma industrialização mais consistente, é necessário um investimento maior em capacidade técnica, maior acesso a redes de energia estáveis e a consistência das cadeias de valor. Angola, que tradicionalmente dependia da exploração de petróleo, traça agora planos para fortalecer o seu parque industrial.

Em 2023, a indústria representava 8,6% do PIB, indicando potencial ainda pouco explorado. Mas o Plano de Desenvolvimento Nacional 2023-2027 prevê reforçar a indústria transformadora, especialmente agro-indústria, têxteis, calçados e processamento de minerais. E podemos pensar que a criação de parques industriais em Viana e Benguela vai ajudar a promover mais tecnologias limpas e práticas de economia circular. A agro-indústria pode satisfazer até 70% da procura nacional de alimentos processados, embora hoje responda apenas a 30%, por causa de entraves logísticos e acesso limitado a crédito.

É verdade que a gestão industrial enfrenta desafios na formação de líderes, na adopção de ferramentas da Indústria 4.0 e na melhoria do planeamento das cadeias de suprimentos, mas o caminho faz-se caminhado e este investimento vai promover a industria sem precedentes. Parcerias sólidas e tecnologias como blockchain e inteligência artificial vão aumentar a competitividade, reduzir custos e adaptar a produção às exigências do mercado.

Leia o artigo integral na edição 826 do Expansão, de Sexta-feira, dia 16 de Maio de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

** Sandra Camelo, COO daTIS

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