Ter confiança
Afinal o que se passou nestes 50 anos de independência que nos leva hoje a não confiar uns nos outros? A não acreditar nos discursos e nas medidas? A não acreditar nas instituições e nas pessoas? A não acreditar no INE, na TPA, no Governo ou na Assembleia Nacional? E mesmo nos agentes de segurança, nos colegas de trabalho ou na família? Que raio de País e de sociedade estamos a criar, em que o colectivo se perdeu e o individual é que conta? Talvez fosse altura de olharmos bem para nós e começar a mudar.
A confiança é o conceito que faz avançar as sociedades. Confiança dos cidadãos nas instituições e nos governantes, confiança dos agentes económicos no funcionamento nos circuitos produtivos e comerciais, confiança das pessoas nos sectores da justiça, saúde e educação e, claro, confiança de quem "manda" no seu povo. Este circuito de confiança é que verdadeiramente proporciona o desenvolvimento das nações, gera bem estar, estimula o espírito empreendedor e aumenta esse enorme orgulho de ser angolano.
E, honestamente, nos últimos anos tem-se olhado muito pouco para esta realidade. Não existe a preocupação de "alimentar" esta confiança, fazem-se e dizem-se coisas que sistematicamente afastam em vez de juntar, aumentando em cada um o pensamento "tenho é que safar-me porque é o que todos fazem". Pior, este sentimento é aceite e tolerado pela sociedade como um todo, e vem de cima para baixo. Basta olhar para as redes sociais e para as discussões de rua, para perceber que a desconfiança é enorme, de todos face a todos, sejam instituições, cidadãos ou governantes.
No meio desta desconfiança toda, perde-se a crença primeiro, os princípios a seguir, e os valores depois. E chegamos a esta situação em que muitos dos nossos cidadãos já não acreditam mais no País e têm como objectivo ir embora, que os nossos governantes acham que eles não fazem falta nenhuma, em que os nossos empresários não confiam nas instituições públicas, só querem "gasosas", que o Estado não confia nas empresas, só querem fugir ao pagamento de impostos, etc., etc., etc.
Afinal o que se passou nestes 50 anos de independência que nos leva hoje a não confiar uns nos outros? A não acreditar nos discursos e nas medidas? A não acreditar nas instituições e nas pessoas? A não acreditar no INE, na TPA, no Governo ou na Assembleia Nacional? E mesmo nos agentes de segurança, nos colegas de trabalho ou na família? Que raio de País e de sociedade estamos a criar, em que o colectivo se perdeu e o individual é que conta? Talvez fosse altura de olharmos bem para nós e começar a mudar.
E, neste particular, não podem ficar dúvidas, a maior responsabilidade para inverter esta onda de desconfiança é de quem comanda. São os exemplos que vêm de cima que podem ajudar a retomar o pensamento colectivo, o "nós em vez do eu e os meus amigos". Mas, para que isso aconteça, também é necessário que "eles", "vocês", confiem de uma forma genuína nos cidadãos, em "nós. Estamos todos à espera de sinais nesse sentido, mas por enquanto o distanciamento, a arrogância e a altivez ainda são as notas dominantes. Mas tem de mudar! Seguramente...