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Opinião

Angola: a joia escondida de África!

CONVIDADO

Para além do sol e do mar, Angola tem água com abundância e solo arável e fértil, concorrendo para um potencial agrícola ímpar e assumindo-se como um caso sério no domínio das energias renováveis.

Ao longo dos últimos anos, começou a ganhar corpo a ideia de que África é a derradeira fronteira na caminhada para a economia global. O "crash" de 2009- -2010, a Covid-19 e, agora, a guerra na Ucrânia, vêm dar mais força a este cenário.

A pandemia deu um claro sinal dos constrangimentos existentes ao nível da geoestratégia dos negócios. A Covid-19 fez tremer as cadeias logísticas do mundo, expondo as fragilidades existentes pelo facto de o planeta estar muito "inclinado" para oriente.

Mais recentemente, a guerra entre Russos e Ucranianos colocou a nu as fragilidades que existem à escala global, sobretudo, a nível energético e alimentar.

Ora, por estas e outras questões, os olhos do mundo viram- -se para o continente africano, conseguindo enxergar hoje coisas que sempre foram totalmente evidentes, mas nem sempre tão actuais e pertinentes.

De forma mais ou menos silenciosa, África está a ganhar um crescente protagonismo nos radares dos principais players mundiais, países e empresas.

À semelhança de Colin Coleman, ex-CEO da Goldman Sachs para África Subsariana e professor da Universidade de Yale, são cada vez mais os analistas e os observadores que encaram África como a próxima região potencialmente "próspera do mundo".

No essencial, porque se trata de uma região rica em recursos, onde os governos nacionais e as empresas africanas produzem pouco por si próprios, deixando assim terra, mão-de-obra e capital à disposição dos players internacionais.

Se olharmos à escala mundial, 60% da terra arável disponível para cultivo está em África, assim como 10% das reservas mundiais de petróleo, 40% das reservas da ouro e 80% das reservas de platina.

O mundo ocidental vê em África a oportunidade de diversificar as suas cadeias de fornecimento de minerais e tecnologia para longe da China e da Rússia, em especial no lítio, cobalto, níquel, grafite, cobre e outros minerais cruciais para a digitalização e transição energética.

Embora África albergue 25% da biodiversidade global e 30% dos recursos minerais do mundo, a Comissão Europeia considera que o maior potencial deste continente vai muito além dos recursos naturais. África tem uma população jovem, em contraste com o envelhecimento da população europeia e chinesa. Com a adequada capacitação, existe um forte potencial para a emergência de uma classe criativa e hubs de inovação, como o que sucede em "Silicon Savannah", no Quénia, ou Kigali, no Ruanda.

No entanto, para que essa jornada seja coroada de êxito, África necessita continuar a fortalecer as instituições, apoiar a estabilidade política, promover a democracia, melhorar a coordenação de políticas, melhorar o doing business, reduzir a dívida, abrir os mercados financeiros, atrair investimento directo estrangeiro, facilitar as transferências de tecnologia e acarinhar o capital humano (por meio da educação e da saúde).

Se, no decurso dos próximos 50 anos, África conseguir implementar e acelerar as necessárias reformas estruturais, alguns acreditam - tal como Coleman - que o continente pode imitar o trajecto de rápida ascensão protagonizado pela China no último meio século.

Sempre que se fala no continente africano, é inevitável falar de Angola. Desde logo, trata-se do 2.º maior produtor de petróleo e, em paralelo, o 2.º maior produtor de diamantes do continente africano.

Porém, em muitos casos, a imagem do país surge enviesada, principalmente por observadores internos que vêem o país por um ângulo demasiado míope e catastrofista.

Aos olhos dos observadores externos, com uma visão mais desapaixonada e independente, Angola afigura-se, cada vez mais, como um sério parceiro internacional.

Para além do sol e do mar, Angola tem água com abundância e solo arável e fértil, concorrendo para um potencial agrícola ímpar e assumindo-se como um caso sério no domínio das energias renováveis.

(Leia o artigo integral na edição 726 do Expansão, desta sexta-feira, dia 26 de Maio de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)