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"É uma ofensa ao povo angolano termos novelas chinesas na nossa televisão pública"

SÍLVIO NASCIMENTO | ACTOR E APRESENTADOR

Um homem dos palcos e das telas, Sílvio Nascimento regressa à televisão como apresentar com o programa "M"bora Dividir". Das novelas ao cinema, o autor faz uma análise do sector e disponibiliza a sua plataforma "Telas" à TPA para que os angolanos consumam conteúdos nacionais.

É o novo rosto do programa de televisão "M"bora Dividir". Já tem data para estreia?

Olha, eu estou ainda às escuras, porque isso é algo que está no domínio da DSTV e da Star Mundo. O dia de estreia não sei, mas sei que será no mês de Junho. Acho que se está a depender de algumas coisas em relação a algumas datas internacionais, de programação, mas o que ouvi, de fonte oficiosa e não-oficial, é que sim, é para Junho.

Já começou a gravar? Em quantas províncias já passaram?

Sim, já começamos a gravar. Passamos em quatro províncias, nomeadamente a Huíla, Namibe, Benguela e Luanda.

Sempre trabalhou em estúdio. Como está ser a experiência de estar na rua?

Sempre trabalhei muito com pessoas, no entanto, eram pessoas sempre muito definidas, já sabíamos com quem íamos trabalhar, então já me preparava até psicologicamente para essas entrevistas. No entanto, é a primeira vez que faço um programa que é com o público na rua, que pelo facto de ser também actor e estar em vogue no mercado, muita gente tem uma abordagem muito diferente comigo, as pessoas assustam, ficam felizes, emocionadas por verem-me na rua. Esse é um programa que se transmite energia, e pelo facto de darmos dinheiro, sente-se a energia das pessoas, sente-se a gratidão das pessoas em receber e, eu vou colectando essas energias, porque sou muito sensível e sinto a necessidade das pessoas, sinto o que é que eu transformo nas pessoas por ganhar em dinheiro.

É um dinheiro que muda a histórias das pessoas...

Nós encontramos as pessoas na rua e não sabemos quem são...Nós estamos a ajudar as pessoas a fazer algumas coisas, estamos também a mostrar um programa muito bonito para Angola e para o mundo perceber que Angola é bonita e tem cultura geral.

Deu também para ter contacto com a situação socioeconómica do País?

Sim, não podemos nos desassociar da comunidade. Nós vivemos em comunidade. E se coisas não estão muito boas, então basicamente nós teremos aqui situações que são consequência de um problema maior...

Qual é a sensação de voltar às telas como apresentador?

Ser apresentador é algo que eu gosto muito. As pessoas vêem- -me mais na luta a favor do cinema e da TV, mas eu gosto muito de apresentar, principalmente programas desse género, de entretenimento, de cultura geral, e de programas que podemos transformar a vida das pessoas. E sim, é um regresso duplo, porque é um regresso à casa. Fui o primeiro apresentador angolano a fazer um programa para o Star Mundo, antigamente Mundo Fox, não fazíamos conteúdos para Angola e eu fui o primeiro, com o programa Duelo das Estrelas, há oito anos. No entanto, é um regresso à televisão, quatro anos depois, desde que deixei o Bem-vindos da RTP África. Então, é um regresso há muito já querido. Sinceramente, gostava de apresentar um programa em que tivesse agarrado e fazer por várias temporadas, sempre quis fazer isso.

Qual será a periodicidade do programa?

Muito sinceramente, tudo o que eu sei é... Sílvio tens de gravar o programa, que são vários os programas que nós gravamos, uma temporada gigante. É um trabalho muito duro. Para quem não tem nem noção, nós gravamos cerca de 10, 12 horas por dia, debaixo do sol. Nós só gravamos enquanto tem luz solar. E desengana-se quem acha que é só uma coisa bonita.

É produtor executivo da telenovela "O Rio". Como surge esse desafio?

Estava a gravar o programa Bem-vindos, quando surgiu uma dúvida na minha cabeça. A questão era, sentia-me sempre, em Portugal, como uma excepção. Aqui sou o único negro a fazer isso, sou o único actor negro na novela X, sou o único apresentador negro na RTP África nesse segmento. Sou o único em algumas coisas. Para algumas pessoas isso pode ser um sinal de vaidade, para mim, é um sinal de preocupação, porque quando tu és a excepção em alguns sítios e não a regra, em algum momento vais deixar de ser. Então, com essa crise psicológica, nesse sentido, decidi voltar para ajudar a minha terra a elevar um bocadinho o cinema, já que fiz algumas coisas em Portugal e o nome catapultou-se. Surgiu o convite da Diamond para ser produtor executivo e actor da novela. Fiz a produção executiva, mas também a direcção de elenco. Então tinha que ir buscar actores, porque, no entanto, aquilo é um spin-off, é uma novela que já existe na África do Sul e na Índia, mas nós tínhamos que contextualizá-la a nossa realidade. Reunimos bons actores que eu sinto que o trabalho foi bem-feito e o sucesso prova isso.

A novela está na sua terceira temporada. Qual é o balanço que faz?

Extremamente positivo. E falo de forma extremista no sentido positivo. Porque nós não fazíamos novela há oito anos. Jikulumessu foi a última novela a ser feita em 2014. Então as expectativas eram muito altas. No entanto, quais seriam os nossos problemas? Nós saímos de uma televisão pública, com mais de 30 milhões de pessoas a ver na televisão, para uma televisão privada com um número que nós não sabíamos qual. Mas tínhamos certeza que tinha abaixado muito a nível da audiência por causa da concorrência que trouxe novelas turcas. Então íamos meter uma novela angolana que o público angolano supostamente não adere muito. Então era muito difícil, nós convencermos as pessoas. No entanto, três meses depois, a conversa já era porquê que só são poucos minutos? Porquê não fazem mais?..

Leia o artigo integral na edição 822 do Expansão, de quinta-feira, dia 17 de Abril de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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