Aplicação da IA para modernização e eficiência dos diversos clusters económicos
O uso de IA está a redefinir o conceito de produtividade e geração de valor. A aceleração da inteligência industrial, por exemplo, depende da adopção consciente de tecnologias digitais e da compreensão de que uma indústria robusta e competitiva é pilar do desenvolvimento económico.
A Inteligência Artificial (IA) deixou de ser uma promessa distante para se tornar o eixo central da transformação digital global. O ANGOTIC, principal evento de tecnologia e inovação em Angola, reunindo especialistas, empresas, startups, governo e investidores debateu tendências, desafios e oportunidades nas TIC, onde demonstrou claramente que a aplicação estratégica da Inteligência Artificial nos principais clusters económicos discutidos no evento se revela indispensável para a modernização e eficiência de Angola.
A sua presença já é sentida em praticamente todos os sectores, do reconhecimento facial em câmaras de segurança à automação de processos industriais, passando pela medicina de precisão, agricultura inteligente, cidades conectadas e administração pública digital.
O uso de IA está a redefinir o conceito de produtividade e geração de valor. A aceleração da inteligência industrial, por exemplo, depende da adopção consciente de tecnologias digitais e da compreensão de que uma indústria robusta e competitiva é pilar do desenvolvimento económico. No actual cenário global, destaca-se quem utiliza a inteligência, e, mais especificamente, a inteligência artificial, a seu favor, começando pela administração e análise de dados já existentes nas organizações. A IA proporciona benefícios concretos, como aumento da capacidade produtiva, redução de custos, tomadas de decisão baseadas em dados, prevenção de riscos operacionais e impulso à inovação.
No sector da saúde, do diagnóstico ao tratamento de doenças através de algoritmos avançados, capazes de analisar grandes volumes de dados clínicos, identificar padrões em exames médicos, prever surtos epidémicos e optimizar a gestão hospitalar, a IA tem revolucionado o sector de forma expressiva.
As ferramentas inteligentes permitem a leitura automática de exames, a monitorização remota de pacientes e o apoio à decisão clínica, reduzindo custos, democratizando o acesso e tornando o sector mais resiliente. Em Angola, onde o acesso à saúde ainda é um desafio, a adopção de soluções inteligentes pode salvar vidas e tornar o sistema mais inclusivo.
Na educação, a IA personaliza o ensino ao adaptar conteúdos ao ritmo e necessidades individuais dos alunos. Plataformas educativas inteligentes conseguem identificar dificuldades de aprendizagem, sugerir recursos personalizados e automatizar tarefas administrativas, libertando professores para actividades de maior valor. Além disso, contribui para a segurança nas escolas, monitorizando comportamentos suspeitos e garantindo respostas rápidas a emergências. Em países com desafios de inclusão digital, como Angola, a IA pode ser o catalisador para uma educação mais equitativa e orientada para o futuro, preparando jovens para profissões digitais emergentes.
A agricultura também beneficia da IA, que possibilita a monitorização em tempo real de plantações, previsão de colheitas, detecção precoce de pragas e gestão eficiente de recursos hídricos. Sensores e drones alimentados por algoritmos de IA permitem decisões baseadas em dados, aumentando a produtividade e reduzindo desperdícios. Para Angola, cuja economia agrícola tem grande potencial, a adopção de IA pode impulsionar a segurança alimentar e a sustentabilidade ambiental.
A construção de cidades inteligentes depende da inteligência artificial para gerir tráfego, energia, segurança pública e serviços urbanos. Os sistemas inteligentes optimizam a mobilidade, reduzem congestionamentos, melhoram a iluminação pública e monitorizam infra-estruturas críticas. A sua integração na gestão urbana permite criar cidades mais seguras, eficientes e atractivas para investimento, para o bem-estar dos cidadãos e para a competitividade internacional.
No sector energético, a IA desempenha um papel fundamental na modernização dos sistemas de geração e distribuição, promovendo eficiência operacional, adopção de energias renováveis e sustentabilidade. Algoritmos de IA são usados para prever a procura, identificar falhas antes que ocorram e optimizar a produção e distribuição de energia, garantindo fornecimento confiável e sustentável.
Na administração pública, a modernização passa pelo Governo 5.0 com a automatização de processos, combate à corrupção e maior proximidade ao cidadão. Os chatbots, as plataformas de e- -government e a análise preditiva melhoram a prestação de serviços, aumentam a transparência e facilitam a participação dos cidadãos. A digitalização do governo é essencial para criar um ambiente de negócios eficiente e confiável, atraindo investimento estrangeiro e fomentando o desenvolvimento económico.
O sector financeiro, por sua vez, é cada vez mais impactado pela IA, que permite desde negociações algorítmicas e gestão de riscos até à detecção de fraudes e personalização de serviços. Os bancos e instituições financeiras conseguem, assim, analisar grandes volumes de dados, prever inadimplência, calcular exposições a riscos em tempo real e oferecer serviços cada vez mais personalizados e seguros aos seus clientes.
Leia o artigo integral na edição 832 do Expansão, de Sexta-feira, dia 27 de Junho de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)
*Sandra Camelo, COO, TIS TECH