Famílias e empresas angolanas têm pouco conhecimento sobre a Reserva Estratégica Alimentar
O coordenador da REA assegura que estão preparados para movimentar 1,2 mil milhões de toneladas de produtos da cesta básica em 2023.
Um estudo realizado pela Reserva Estratégica Alimentar (REA) aponta que as famílias e empresas angolanas têm pouco conhecimento sobre a existência deste programa do Governo, lançado em 2022 para garantir a oferta de produtos da cesta básica a preço acessível à população.
Segundo o estudo, realizado por intermédio de inquérito, num universo de 850 famílias 71% desconhece a existência da REA e apenas 24% têm conhecimento da mesma. Já pelo lado das empresas, de 200 entrevistas 42% afirmou nunca ter ouvido falar e igual percentagem respondeu conhecer.
Os dados foram avançados nesta Terça-feira, em Luanda, pelo coordenador da REA e presidente do conselho de administração do Entreposto Aduaneiro, Eduardo Machado, durante a apresentação do estudo sobre o impacto da reserva estratégica alimentar, no comportamento dos preços da cesta básica.
A Reserva Estratégica Alimentar é responsável por garantir a oferta de produtos da cesta básica, em quantidade, qualidade, e preço acessível à população, de modo a impedir acções especulativas por parte dos operadores e evitar, também, a escassez ou falta dos produtos essenciais à dieta alimentar da população angolana.
No mesmo estudo demonstrou-se ainda que um alto nível de desconhecimento em relação às entidades responsáveis pela evolução dos preços no mercado nacional.
O estudo abrangeu 6 províncias, nomeadamente, Luanda, Benguela, Huíla, Huambo, Cabinda e Lunda Norte. Benguela é a província que apresenta os preços mais baixos do mercado nacional, enquanto Lunda Norte tem os mais altos. Já a província de Cabinda regista a maior instabilidade de preços.
A nível dos preços, destaca-se a compra da coxa de frango que 57% dos entrevistados consideram que o preço é muito elevado, enquanto elevado 35% afirma que o preço justo deveria estar entre os quatro a cinco mil kwanzas, pela caixa deste produto, que custa actualmente 9.000 kz. Os preços no comércio a grosso de modo geral caiu 31,35% entre Março de 2022 a Março de 2023, mais do que na categoria "a retalho", que foi de 28,5% no mesmo período.
Em termos de redução de preços, destaca-se a fuba de milho que registou uma queda de 46,9%, seguido pelo óleo alimentar e a fuba de bombó, que viram os preços a cair, 42,5% e 41,2%, respectivamente.
O preço mais baixo do cabaz da cesta básica foi registado em Março deste ano, 2023, segundo o estudo.
Assim, o estudo aponta que 70% dos angolanos fazem compras nos mercados informais, sendo que 39% destes em regime de sócio, ou seja, compra partilhada para benefício de um preço mais baixo.
REA movimentou 500 milhões USD em 2022
Durante o encontro, Eduardo Machado avançou também que o tock da Reserva Estratégica Alimentar movimentou, em 2022, 500 milhões USD, com 600 mil toneladas métricas de produtos da cesta básica, para aumentar a oferta dos produtos e regular os preços no mercado.
"Este valor não é uma despesa do Estado angolano, porque é vendido no mercado. Nesta operação, o Estado tem o papel de prestar garantias para que estes movimentos financeiros não impactem o custo desses produtos", explicou.
O coordenador da REA assegurou também que estão preparados para movimentar 1,2 mil milhões de toneladas de produtos da cesta básica em 2023.