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Economia

Apenas 8 dos 32 produtos com preços vigiados disponíveis em 90%, em todo País

FALTA DE APOIO À AGRICULTURA FAMILIAR "PROVOCA ESCASSEZ"

O Zaire é a província com menor oferta de produtos, com disponibilidade de 57% em 32 bens, e a carne pojadoro é o produto mais escasso. Isto é o resultado da falta de apoio à agricultura familiar, diz Carlos Cambuta, da Adra.

Dos 32 produtos do regime de preços vigiados só oito apresentam uma disponibilidade de pelo menos 90% em todas as províncias do País, durante todo o mês de Abril, de acordo com o Terceiro Relatório Mensal de Preços de 2022, elaborado pelo Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE).

As províncias de Luanda e de Benguela foram as únicas que apresentaram uma disponibilidade de 90% nestes produtos durante o mês em referência. O Zaire foi a que teve maior escassez de produtos, apresentando uma disponibilidade de 57%, e o produto mais ausente das prateleiras foi a carne pojadouro, com 46,15% de disponibilidade total. Para Carlos Cambuta, da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente de Angola (ADRA), os problemas na disponibilização dos produtos, e até a dificuldade que muitas famílias enfrentam para adquirir todos os produtos que compõem a cesta básica, apesar das reduções nos preços, são causados pela falta de apoio à agricultura familiar, razão pela qual o governo tem de criar políticas que tornem as famílias mais autosustentáveis e não totalmente dependentes do Estado.

Carlos Cambuta afirma ainda que, apesar da redução nos preços, a maior parte das famílias ainda não consegue adquirir uma cesta básica, porque os ordenados são muito inferiores ao valor do cabaz. Já Sérgio Calundungo, do observatório Político e Social, defende que se para alguns casos a solução passa por aumentar os ordenados, ou pelo menos procurar ajustá-los ao custo de vida actual, compensando a perda de poder de compra, há casos em que a solução passa pela adopção de um conjunto de medidas que facilitem a redução de preço. Emunera, por exemplo, o aumento da capacidade de produção e da produtividade, sem que isto signifique necessariamente aumentar os custos de produção.

"Parte do problema reside no facto de o poder aquisitivo das pessoas ser ainda baixo, apesar das inúmeras medidas e dos anúncios, segundo os quais os preços dos alimentos reduziram ou tendem a sofrer reduções. Se, de facto, esta redução é tão acentuada, como às vezes se propala, por que razão a maior parte dos ordenados são consumidos em alimentação, num país que apresenta graves índices de desnutrição? Provavelmente é por aí que o Executivo deveria indagar-se", defende Sérgio Calundungo.

Já o economista Wilson Chimoco afirma que o facto de as famílias não conseguirem fazer poupanças penaliza o investimento e, consequentemente, as perspectivas de crescimento do país. "O país é pobre, cerca de 52% da população, de acordo com dados do Banco Mundial, tem menos de 2 USD/dia. E, neste termos, é normal que o pouco rendimento que as pessoas tenham boa parte seja canalizada para a alimentação. Para o curto prazo, os efeitos são diminutos, pois as pessoas têm de se alimentar. E pronto! Mas para o médio e longo prazo, poderá ser desafiante, pois, nestes termos, as famílias não conseguem fazer poupanças, o que penaliza o investimento e as perspectivas de crescimento do país", frisou.

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