Crédito malparado na banca encolhe 230 milhões USD no I semestre
Por cada 1.000 Kz de crédito concedido pela banca comercial em Junho, 169 Kz era crédito vencido. O crédito bruto no final do I semestre era equivalente a 11,2 mil milhões USD e 1,6 mil milhões era malparado. Ainda assim, longe vão os tempos em que o crédito vencido valia 34,5% do crédito bruto da banca, como aconteceu em Junho de 2019.
O crédito malparado da banca angolana no final de Junho era equivalente a 16,9% do crédito bruto total, equivalente a quase 1,5 biliões Kz. Contas feitas, por cada 1.000 Kz de crédito concedido pela banca no final do I semestre, 169 Kz eram malparado, de acordo com cálculos do Expansão com base nos Indicadores de Solidez Financeira do Sector Bancário. No final de Junho, o crédito bruto concedido pela banca era de 8,7 biliões Kz, o que compara com os cerca de 8,8 que valiam em Dezembro de 2024, quando a taxa de malparado era de 19,2%. Assim, o crédito vencido baixou de quase 1,7 biliões Kz para cerca de 1,5 biliões, equivalentes a 1,8 e 1,6 mil milhões USD, respectivamente. Até à publicação destes dados relativos ao malparado na banca, através da base Indicadores de Solidez Financeira do Sector Bancário, o BNA avançava com os números mês a mês. Mas relativamente a 2025, apenas publicou dados do mês de Março e Junho, correspondendo ao I e II trimestre. A queda do crédito vencido este ano contrasta, assim, com a subida verificada no ano passado, já que entre Dezembro de 2023 e Dezembro de 2024 subiu de 15,6% para 19,2%, representando mais cerca de 370 milhões USD só em crédito de cobrança duvidosa, para um total de 1,8 mil milhões USD. O aumento no ano passado resultou da subida das taxas de juro verificadas no primeiro semestre de 2024, depois de o BNA aumentar, por duas vezes, a taxa básica de juros e as facilidades permanentes de cedência e absorção de liquidez em Março e em Maio, e de ter suspendido empréstimos de dinheiro à banca. Como os bancos que ficaram sem liquidez foram obrigados a recorrer ao interbancário para se financiar, as taxas Luibor dispararam desde Dezembro de 2023, com a Overnight a passar de 4,00% até bater o recorde de 32,6% no início de Setembro do ano passado, e fixar-se em 22,7% no final de Dezembro. Normalmente, quando alguém vai a uma instituição bancária pedir crédito, o banco cobra-lhe uma taxa Luibor mais uma margem que depende do risco desse cliente. Ou seja, os créditos viram as suas prestações subir exponencialmente, agravando as dificuldades das famílias e das empresas em cumprir as suas obrigações, dando margem para o aumento do malparado.
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