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Administração da Aldeia Nova alerta para situação financeira bastante crítica

REALIZAÇÃO DO CAPITAL FEITO PELA EMPRESA GESTORA NÃO EQUILIBRA BALANÇO

As contas do exercício de 2022 revelam uma dívida ao fisco superior a 3 mil milhões Kz, custos de serviços de exercícios anteriores a 2017 indocumentados e "não realizados" e sobrevalorização do capital próprio. Apesar dos problemas, há uma recuperação das actividades produtivas da empresa.

A situação financeira da Aldeia Nova "é bastante crítica", com uma trajectória de "resultados negativos" há quatro anos consecutivos, que "poderá culminar com a declaração de falência da empresa" se"não forem tomadas as medidas providenciais em sede da Assembleia Geral". Isso mesmo refere o conselho de administração da empresa, detida maioritariamente pelo Estado mas gerida por uma empresa do Grupo Mitrelli, a Diembo, no relatório de gestão do exercício de 2022 publicado no site do IGAPE.

A empresa destaca a recuperação das actividades produtivas no período pós-pandemia, mas admite que a entrada de valores resultante da conclusão do pagamento das acções da Diembo "não equilibrou as contas como se esperava", já que a 31 de Dezembro de 2022 a empresa tinha um resultado líquido negativo de 1,9 mil milhões Kz, "bastante influenciado pela dívida junto à AGT, por incumprimento do pagamento do Imposto Industrial", lê-se no relatório do conselho de administração que foi submetido aos accionistas.

Pesou também no resultado líquido negativo de 1.868 milhões Kz a "carga de custos de serviços do Grupo Mitrelli", dos exercícios anteriores a 2017, "grande parte sem documentos e não realizados", como aponta o presidente do conselho de administração, Eduardo Barros, que destaca a "recuperação das actividades produtivas da empresa no período pós pandemia, profundamente afectadas nos últimos dois anos, visando a sua rentabilidade". A negociação dos pagamentos de dívidas de terceiros e de clientes é outro aspecto destacado pela administração.

Contas penhoradas por dívida À AGT

A 9 Março de 2023, como noticiou o Expansão, a Administração Geral Tributária (AGT) bloqueou todas as contas bancárias da Aldeia Nova, por causa de uma dívida fiscal referente aos exercícios de 2014 a 2017. A dívida, no montante de 500 milhões Kz, escalou para os 2 mil milhões Kz, com multas, juros de compensação e juros de mora.

Sediada no Wako Cungo, província do Cuanza Sul, a empresa é detida em 59% pelo Estado, através de três entidades: a Gesterra (21%), o Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado - IGAPE (23%) e o Instituto de Desenvolvimento Agrário - IDA (15%). Os restantes 41% são detidos pela Vital Capital Fund, do Grupo Mitreli, através da Diembo, que exerce, desde 2012, a gestão da Aldeia Nova, empresa criada um ano antes para desenvolver o investimento e promoção do desenvolvimento agro-industrial.

A gestora da Aldeia Nova pretendia "limpar" o passivo junto da AGT com um acordo de conciliação da dívida, que não foi reconhecido pela Unidade de Gestão da Dívida, o que fez com que a AGT avançasse para a penhora das contas bancárias da empresa, a 9 de Março, como noticiou então o Expansão. O acordo entre os ministérios da Agricultura e das Finanças tem por base uma dívida de 7 milhões USD (5,8 mil milhões Kz, ao câmbio médio do BNA do dia 12 de Setembro) que a empresa reclama, por "serviços prestados e não pagos", no âmbito de uma parceria com o Ministério da Agricultura, celebrada em 2013.

O Ministério da Agricultura solicitou os documentos que comprovem os serviços prestados, para validar o acordo de conciliação da dívida, documentos que até 31 de Dezembro de 2022 o gestor da Aldeia Nova não apresentou, como refere o Conselho de Administração, no relatório do exercício do ano passado, cujas demonstrações financeiras foram aprovadas com quatro reservas pelo auditor externo, a Advisors, Lda.

Leia o artigo integral na edição 742 do Expansão, de sexta-feira, dia 15 de Setembro de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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