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Empresas & Mercados

Comunicação e transportes "seguram" Indíce de Confiança dos empresários na economia

ÍNDICE DA CONJUNTURA ECONÓMICA - IV TRIMESTRE DE 2024

Apesar do PIB ter aumentado 4,4 % em 2024, a confiança dos empresários na economia angolana caiu 1 pp relativamente ao final de 2023. Mas em sectores-chave, para o mesmo período, houve quebras de confiança importantes - indústria transformadora (-8 pp), indústria extractiva (-15 pp) e turismo (-16pp).

O Índice de Conjuntura Económica (ICE) para o IV trimestre de 2024 para a economia angolana subiu ligeiramente, passou de 9 para 10 pp, e resulta de um inquérito que é feito a quase 1.700 empresas, cujos resultados são depois divididos por sete sectores - indústria transformadora, comunicação, transportes, construção, indústria extractiva, comércio e turismo - de acordo com a opinião de cada uma delas sobre cada um dos sectores. O valor que consta nos dados apresentados (ver pág. 3 e 4), e que é referenciado como índice de confiança em cada sector, reflecte o saldo entre as respostas extremas, positivas e negativas.

O ICE avalia as expectativas dos empresários (confiança ou pessimismo) sobre a evolução da economia no curto prazo. Os actuais 10 pontos do ICE correspondem à diferença entre as avaliações positivas e negativas dos empresários sobre as perspectivas de evolução da economia angolana. Ou seja, a percentagem de empresários que tem perspectivas positivas sobre a evolução da economia nacional no curto prazo excede em 10 pp a percentagem dos que têm expectativas negativas.

Em termos globais, são os sectores da comunicação e dos transportes que suportam o valor do ICE no IV trimestre de 2024. Relativamente ao primeiro, o valor é de 30 pp, mas é importante acrescentar que as empresas deste sector são quase exclusivamente empresas públicas, que na verdade não têm problemas de funcionamento porque vivem debaixo do Orçamento do Estado, ao que se juntam recorrentemente subsídios ao funcionamento e transferências do Governo, não tendo por isso de fazer contas e depender do mercado para sobreviverem. Por isso, é natural que neste sector haja um grau elevado de confiança entre as empresas.

Já no segundo, o sector dos transportes, que teve 22 pp como índice de confiança, também grande parte das empresas são públicas e reflectem o fenómeno explicado acima, mas também porque está a crescer a contribuição deste sector para o PIB, existe mais rendimento e perspectivas futuras. Contribuem para estado de confiança no sector a expectativa face aos dois projectos estruturantes que o País está a desenvolver - novo aeroporto internacional de Luanda e Corredor do Lobito - mas também as reformas que se estão a fazer no transporte urbano nas principais cidades, que abre novas oportunidades de negócio às empresas.

Existe uma ideia generalizada que o sector dos transportes, também por opção política, terá uma importância grande no desenvolvimento económico, apesar do estado das infraestruturas de suporte, como estradas e linhas férreas. Mas é indiscutível que tem sido dos mais dinâmicos nos últimos dois anos, o que lhe dá também uma aura de confiança por parte dos empresários.

Para se ter uma ideia, sem estes dois sectores, o índice de confiança para o global da economia tinha sido de apenas 4. Ainda sobre este índice global é importante dizer que os valores actuais, deste IV trimestre, ainda estão abaixo de 2015, altura em que o valor começou a cair com os primeiros sinais de crise, desinvestimento do Estado na economia e aumento dos atrasados, desvalorização cambial e deterioração do ambiente de negócios. O valor só voltou a terreno positivo no IV trimestre de 2020, quando as medidas de combate à Covid-19 começaram a abrir. De lá para cá, teve valores máximos no final de 2023 e início de 2024, 13 e 14 respectivamente, mas voltou a afundar a partir do IV trimestre de 2023.

O presidente de uma associação sectorial que é parceira do Governo, sob anonimato, explicou ao Expansão que "os empresários estão muito desmoralizados. Por um lado, o Estado vai acumulando dívidas às empresas nacionais, que depois diz que vai pagar com títulos de dívida, o que não resolve os problemas de tesouraria. E se nós os trocamos em mercado secundário, normalmente perdemos dinheiro, e a margem de lucro fica muito reduzida ou desaparece. Por outro, o mercado não funciona livremente e de forma transparente, e são apenas três ou quatro as empresas que estão próximas do Poder que conseguem contornar todas as dificuldades que a máquina administrativa coloca ao dia a dia das empresas, que conseguem ganhar dinheiro. E são sempre as mesmas. Tenho para mim que esse valor do Índice que me apresenta está muito acima daquilo que é o sentimento generalizado do empresariado nacional".

Leia o artigo integral na edição 824 do Expansão, de sexta-feira, dia 02 de Maio de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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