Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Empresas & Mercados

Condel penalizada pela quebra no sector da construção e obras públicas

FÁBRICA PRODUZ APENAS 25% DA CAPACIDADE INSTALADA

A empresa que produz cabos eléctricos de baixa tensão afirma que as grandes obras são financiadas a partir do estrangeiro e que essa realidade tem impacto na produção nacional porque retira mercado às empresas instaladas em Angola. O primeiro trimestre de 2022 ainda não dá sinais de recuperação.

A Condel, fábrica de cabos eléctricos do Prysmian Group que agora se chama General Cable Condel, situada em Luanda, no município do Cazenga, tem uma capacidade instalada anual de 6 mil toneladas de cabos eléctricos mas, neste momento, produz pouco mais de 1.500 toneladas (apenas 25% da capacidade instalada) devido aos efeitos da recessão económica no sector da construção civil.

Em Angola, a principal vocação do grupo multinacional é a fabricação de cabos eléctricos de baixa tensão, mais adequados para infraestruturas sociais e residenciais. A crise do petróleo em 2014 e as sucessivas recessões resultaram num desinvestimento em obras públicas desde 2015, realidade que não permitiu dar um salto no volume de produção da antiga Condel.

Nas grandes obras, o grupo encontra muitas dificuldades para ganhar contratos porque quase todas importam o material eléctrico. E quando conseguem captar novos clientes a este nível, de acordo com Rui Pinto, administrador da General Cable Condel e, as percentagens adjudicadas localmente são muito pequenas, inibindo assim a aposta na capacidade total da fábrica. "Os projectos financiados são o nosso grande handicap. É verdade que neste tipo de projectos há alguma incorporação nacional mas, no fim das contas, a quota que é atribuída, entre 10% a 30%, acaba por ser executada com mão-de-obra local enquanto o material vem todo de fora", lamenta Rui Pinto.

O gestor admite que uma parte do material eléctrico ainda não é produzido no mercado nacional. Mas, no que diz respeito a cabos eléctricos de baixa tensão, a General Cable Condel tem capacidade para abastecer a procura interna que, de acordo com Rui Pinto, necessita anualmente de 6 mil toneladas, o equivalente à capacidade instalada na fábrica do Cazenga.

Mais incorporação local

Para alavancar os níveis de produção, sugere o administrador, é fundamental que as obras financiadas contemplem 50% do material produzido localmente e não apenas mão-de-obra. "O problema não está na qualidade do produto porque a Condel pertence ao Prysmian Group, uma multinacional que actua na Europa e produz em Angola com os mesmos padrões de internacionais", afirma. O grupo olha também para a exportação para rentabilizar o negócio, sobretudo para a República do Congo e República Democrática do Congo (RDC), por serem mercados próximos, mas a pandemia impediu a realização de novos investimentos. A fábrica conta com 64 trabalhadores, dos quais 4 são expatriados. De acordo com o gestor, a empresa mantém um número de trabalhadores muito acima do necessário por terem formação específica (difícil de encontrar no mercado nacional). Também é uma forma de precaução, caso a procura aumente nos próximos tempos. Nesta altura, a empresa tem armazém equivalente a 1,5 milhões EUR de cabos eléctricos. Assim como stock de matéria-prima no valor de 1,5 milhão EUR: 750 mil EUR em 80 toneladas de cobre, 114 toneladas de alumínio no valor de 375 mil EUR e 150 toneladas de plástico avaliadas em 375 mil EUR. Por outro lado, o mercado nacional não produz alumínio, cobre, nem plásticos com a qualidade desejada. "Há alguma produção de cobre e alumínio através de sucata mas não é possível produzir cabos eléctricos de alta qualidade dessa forma, apenas com cobre virgem e uma percentagem muito reduzida de sucata", assegura Rui Pinto.

UMA FÁBRICA COM 65 ANOS DE HISTÓRIA

A Condel começou a sua actividade em 1957 pelas mãos de um grupo português e funcionou até 1976 sem interrupções, parou apenas com o início da guerra civil. Em 2001, a empresa foi comprada pelo grupo americano General Cable a partir desta altura passou a ser chamada de General Cable Condel e em 2003, com o advento da paz, lançou um plano de recuperação de infraestruturas da fábrica, de modo a adaptar a operação às exigências da reconstrução nacional. Em 2008, os americanos fizeram um novo investimento de 15 milhões EUR para substituição dos equipamentos de modo a ajustar a tecnologia aos novos tempos e dar o salto para os níveis de produção actuais, assim como aumentar a gama de produtos.

Em 2014, entrou uma nova equipa de gestão com organização autónoma que no ano seguinte investiu em programas de compliance e anticorrupção para atrair novos investidores. A Prysmian Group, uma multinacional italiana, comprou o grupo General Cable e foi assim que a fábrica passou para novas mãos.

Em África, o grupo tem representação na Tunísia e Costa do Marfim. A fábrica do Cazenga ocupa 2,26 hectares de área bruta, 8 mil metros quadrados de área coberta e 5 mil metros quadrados de área de produção. Produz uma vasta gama de cabos eléctricos de baixa tensão, desde cabos com um milímetro quadrado e meio até 400 milímetros com tecnologia de resistência ao fogo. Para as linhas de média tensão produz três variedades de cabos aéreos.

(Leia o artigo integral na edição 666 do Expansão, de sexta-feira, dia 18 de Março de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo