Queda do Kwanza e restrições dos bancos afundam gastos com pré-pagos
Com o agravamento das dificuldades no acesso às divisas, os bancos criaram muitas restrições para a adesão e uso dos cartões pré-pagos. Entre Junho de 2024 e final do primeiro semestre deste ano, o kwanza depreciou 10% face ao euro e 8% face ao dólar, ou seja, os utilizadores destes cartões precisariam de mais dinheiro para cobrir as mesmas necessidades de moeda estrangeira.
Os gastos com cartões pré-pagos de marca internacional emitidos em Angola registaram uma redução de 43% no primeiro semestre deste ano face ao mesmo período do ano passado, de acordo com cálculos do Expansão baseados nas estatísticas do Sistema de Pagamentos do Banco Nacional de Angola (BNA).
Esta queda, tanto do volume de dinheiro gasto como do número de operações realizadas, está directamente ligada às restrições no acesso e nos limites de uso dos cartões pré-pagos de marca internacional que começaram a ser impostas pelos bancos comerciais em Abril de 2024, por causa das dificuldades que enfrentavam no acesso a divisas, explica o economista Heitor Carvalho. "Não há divisas e, por isso, foram impostas muitas restrições ao uso e carregamento dos cartões", sustenta.
Segundo o enconomista, houve uma redução significativa dos rendimentos e os cidadãos têm menos disponibilidade para enviar dinheiro para fora. Além disso, explicou, parece haver um declínio da actividade de estrangeiros com as restrições à saída de divisas, quer para compras, quer para exportação de lucros. "Apesar de não existirem dados quantitativos para apoiar estas duas percepções, creio que estes factores podem ter contribuído para o cenário actual", frisou.
Heitor Carvalho declarou ainda que a redução dos gastos com cartões pré-pagos pode ser encarada como um ponto positivo para a economia. "É uma boa coisa para a economia, porque estas transacções têm pouco impacto na economia nacional e têm impacto na economia dos outros países. E, numa situação de penúria como a que vivemos, é bom que haja uma redução destas transferências para o exterior. Portanto, não vejo isto com muito maus olhos", explicou.
É também importante referir que, entre Junho de 2024 e final do primeiro semestre deste ano, o kwanza depreciou 10% face ao euro e 8% face ao dólar, ou seja, são hoje necessários mais kwanzas para adquirir a mesma quantidade de cada uma destas moedas. Logo, os utilizadores destes cartões precisariam de mais dinheiro para cobrir as mesmas necessidades de moeda estrangeira.
No ano passado, alguns bancos deixaram de emitir novos cartões e reduziram os limites de uso e de carregamento. Com as restrições impostas pelos bancos, verificou- -se também uma queda de 6% no número de cartões pré-pagos de marca internacional activos entre Junho de 2024 e 2025.
O Banco Angolano de Investimentos (BAI), por exemplo, que detém o maior número de cartões de marca internacional do sistema bancário (em Junho de 2024 detinha 54% do total de cartões válidos registados pela Empresa Interbancária de Serviços (EMIS)), verificou em Dezembro de 2024 uma queda de 10% no número de cartões pré- -pagos de marca internacional. Além de deixar de emitir novos cartões, o BAI reduziu os limites de carregamento dos cartões pré-pagos de 1.000 USD para 250 USD mensais.
Menos 210,9 mil milhões Kz
De acordo com as estatísticas do BNA, até Junho de 2025, os angolanos gastaram cerca de 280,6 mil milhões Kz em operações com cartões pré-pagos emitidos em Angola, menos 210,9 mil milhões do que no mesmo período do ano passado. Esses valores (280,6 mil milhões Kz) foram movimentados em 7,1 milhões de operações que também caíram face ao período homólogo com uma redução de 19%. No primeiro semestre do ano passado, os gastos com cartões pré- -pagos no estrangeiro foram de 491,5 mil milhões Kz em cerca de
Leia o artigo integral na edição 837 do Expansão, de Sexta-feira, dia 01 de Agosto de 2025, na versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)