Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Gestão

O meu banco? É o meu telefone!

EM ANÁLISE

Este tipo de tecnologias e conceitos de dinheiro digital irão trazer a Angola uma reinvenção da forma como a população interage com o seu banco, faz pagamentos, adquire crédito e microcrédito, bem como gere as suas poupanças. A sua utilização será cada vez mais abrangente à população angolana, mesmo àqueles que têm sempre o seu laranjinha ou moranguinho consigo.

A "idade digital", e a sua propagação para todo o mundo, tem influenciado as economias a reinventarem-se e a impulsionar a criação de novos produtos, aparecimento de novas FinTech e startups direccionadas ao mundo do mercado digital. Se compararmos dados dos últimos dois anos relativamente à abertura de novas contas digitais e valores transferidos na África Subsariana, observa-se um aumento de 17% de contas e de 40% no valor de transacções, segundo o relatório de 2022 GSMA(1) sobre o estado da indústria do dinheiro móvel.

Os serviços digitais têm permitido trazer para o sistema bancário regulado grande parte da economia paralela informal de Angola, permitindo assim uma maior estabilização do mercado e fortalecendo a moeda nacional Kwanza. Em 2012, Angola não apresentava qualquer serviço disponível de dinheiro digital no telefone, e hoje já dispõe de serviços relacionados com esta utilização como E-Kwanza, Unitel Money, *400# Agiliza, e AKI Paga.

O baixo custo de utilização das plataformas, a sua disponibilidade e facilidade de utilização, tornam estas ofertas muito apelativas comparando com os canais tradicionais, face à redução de distâncias físicas, sem necessidades de filas de espera e possível utilização a qualquer hora e dia da semana. Para além de todos estes benefícios para os consumidores, é de enaltecer também a redução de custos de manutenção destas plataformas, permitindo assim servir melhor e com investimentos mais reduzidos. Com a crescente necessidade de competir com estes produtos móveis, os bancos têm de transformar os seus balcões físicos em balcões digitais para poderem continuar a competir neste mercado.

Existem iniciativas em todo o mundo para a adaptação dos bancos à nova realidade, como o conceito de banco aberto "Open Banking". Este conceito dá autoridade ao cliente de disponibilizar os seus dados bancários a outros parceiros de forma segura e padronizada, permitindo assim a entrada de novas plataformas no mercado da indústria financeira.

Em Angola, a operacionalização deste conceito já começou a ser estudada pelo regulador, com o objectivo de garantir a segurança de quem adere a este tipo de serviços através da criação de procedimentos de validação de identificação de clientes (KYC - Know Your Customer), criação de mecanismos de fraude em tempo real (AML - Anti-Money Laundering) e regulamentação para agentes bancários realizarem actividades de intermediação de crédito e pagamentos, garantindo assim uma maior abrangência de serviços à população em todo o território nacional. Regulado este novo paradigma, o sistema bancário terá uma maior dinâmica na sua oferta de produtos e serviços, tornando o mercado mais competitivo e incentivando todos os intervenientes do sector a repensarem e reestruturarem a forma como disponibilizam a sua oferta à população.

Este conceito permitirá aumentar o volume de negócios e as oportunidades de investimento no mercado. Também facilitará a angariação de novos clientes devido à oferta de um acesso fácil e seguro aos seus sistemas, em qualquer lugar e para qualquer tipo de transacções. Para essa inovação, é necessário permitir uma externalização de serviços e consulta de informação, não comprometendo a segurança dos sistemas e garantindo um padrão de comunicação.

Alterar os sistemas centrais bancários requer um esforço financeiro que será rentabilizado a longo prazo, mas necessário para o acompanhamento da evolução do mercado digital. Assim, a forma mais segura e prática de garantir a evolução destes sistemas é ter uma abordagem híbrida, mantendo os sistemas mais legacy em funcionamento na operativa do banco e disponibilizando serviços para acesso aos dados ou outras funcionalidades de forma segura através de APIs (Application Pro[1]gramming Interfaces). Como exemplo de utilização de APIs em conjunto com a informação financeira de clientes, temos os agregadores de informação bancária, que permitem visualizar informação, como saldos e transferências de diferentes bancos num único local.

Outra aplicabilidade é a simplificação de pagamentos devido à sua integração com aplicações móveis. Mesmo os telefones móveis mais tradicionais são influenciados por estas tecnologias havendo novas funcionalidades disponíveis no mercado, como pagamento da factura da luz, transferências bancárias ou cobranças electrónicas.

(Leia o artigo integral na edição 693 do Expansão, de sexta-feira, dia 23 de Setembrode 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)