"A falta de divisas está a provocar uma ginástica no balanço financeiro da empresa"
A penetração dos serviços de telecomunicação no mercado africano é uma tarefa complexa, sublinha o CEO da Angola Cables. Em entrevista ao Expansão, António Nunes adianta que pretende transformar a Angola Cables numa geradora de divisas.
A Angola Cables é responsável pela gestão e desenvolvimento do West Africa Cable System (WACS) desde 2012. Qual é o balanço que faz?
O balaço desta actividade é positivo. Esta constatação é reconhecida pelo próprio mercado. A Angola Cables (AC) é um agente activo no mercado de internet nacional e já é um dos maiores provedores nacionais de internet. Estamos, neste momento, a internacionalizar a nossa actividade e temos evoluído de uma forma mais lenta, mas igualmente positiva.
Qual é o peso de Angola nos vossos negócios?
Neste momento, ainda é maioritário. Como já mencionado, a penetração no mercado africano é uma tarefa complexa. Mas estamos persistentemente a transformar a Angola Cables numa empresa geradora de divisas e a afirmar a nossa posição nos mercados onde actuamos. Com a entrada ao serviço dos dois novos cabos submarinos, a nossa proposta de valor ficará bastante mais optimizada e mais completa. Teremos então uma proposta de valor única ao mercado internacional. A ligação no Atlântico Sul.
Angola Cables também é responsável pela disponibilização de capacidade de transmissão internacional a operadores de telecomunicações. Que comparação faz das telecomunicações em Angola com (outros) países?
Na realidade, não existe grande diferença. Muitos dos operadores nacionais são conhecedores dos standards internacionais de qualidade e, por isso, já exigem prestações de serviço de alta qualidade. Contudo, e do ponto de vista da exigência dos novos mercados, as coisas são bastante diferentes. Somos "entrantes" e temos de provar a proposta de valor que oferecemos. A exigência destes para connosco é muito maior. Em termos de pagamento, por exemplo, se a Angola Cables não cumprir à risca com as datas das suas obrigações, os serviços são-lhe imediatamente cortados. Esta situação, muitas vezes, não é compreendida pelos nossos clientes nacionais, quando estes não cumprem com os seus compromissos financeiros.
(Leia o artigo na integra na edição 419 do Expansão, de sexta-feira 28 de Abril de 2017, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)