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Opinião

Angola precisa de bancos que não se limitam a fazer negócios com o Estado

Milagre ou Miragem?

No final de Julho foi realizada mais uma edição do Fórum Banca, a XI edição, e foi uma oportunidade para se falar sobre o papel da banca no desenvolvimento de Angola. Não há dúvidas de que existe um fraco financiamento da economia em geral, mas muito particularmente do sector produtivo. Isso é algo que todos os anos é dito, mas que ainda está longe de ser resolvido.

A evidência empírica mostra que a grande diferença entre o desempenho económico recente da Etiópia versus, por ex., o Ruanda tem muito a ver, também, com a forma como o governo Etíope controla o sector bancário vis-à-vis a forma mais neoliberal como esse sector se apresenta no Ruanda. Como resultado, os dados indicam que o caso do rápido crescimento verificado na Etiópia, até antes da pandemia, é muito mais próximo do que aconteceu naqueles países asiáticos mais bem-sucedidos (Coreia do Sul, Taiwan, China) do que o Ruanda.

Um aspecto ligado ao sector financeiro que parece explicar o sucesso asiático tem a ver com a criação de bancos de investimentos com fins específicos. Por ex., na Coreia do Sul(1) o Banco de Desenvolvimento da Coreia, inicialmente, teve como missão específica disponibilizar fundos para projectos ligados aos sectores da indústria, agricultura e exploração mineira. Depois passou a financiar acções de pesquisa e desenvolvimento naqueles segmentos mais promissores da indústria. Por outro lado, o Banco de Exportação-Importação da Coreia dedicou- -se a apoiar aquelas empresas exportadoras, particularmente, de bens de capital (ex., máquinas e equipamentos).

Em Angola é sabido que a banca é controlada por indivíduos com ligações ao partido governante, porém, trata-se de um caso bastante intrigante. Persiste no País um fraco apoio às iniciativas do Executivo que visam dinamizar o sector empresarial privado em geral e muito particularmente aqueles ligados ao sector produtivo. O Expansão tem indicado, repetidas vezes, que alguns bancos preferem mesmo pagar as multas aplicadas pelo regulador, no caso o BNA, ao invés de disponibilizarem o volume de crédito indicado. O que se está a passar?

Na altura do Aviso n. º4/19, de 3 de Abril do BNA, alertámos que essa medida só daria resultados se houvesse um espírito nacionalista por parte dos banqueiros que muito beneficiaram dos negócios com o Estado, visão para compreenderem que esses negócios à luz dos acordos com o FMI não pareciam sustentáveis logo, era tempo de mudar.

*Docente e investigador da UAN

(Leia o artigo integral na edição 637 do Expansão, de sexta-feira, dia 13 de Julho de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)